"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 01, 2013

Indignai-vos ! ANTIGAMENTE OS CARTAZES NA RUA COM ROSTOS DE CRIMINOSOS OFERECIAM RECOMPENSA, HOJE EM DIA PEDEM VOTOS.

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Nos Estados Unidos, na Espanha, em Portugal, na França, na Grécia... 
A morte de Stéphane Hessel esta semana deixou órfãos em todo o mundo. 
Foi um livro quase panfleto escrito pelo intelectual francês, com o título Indignai-vos, o inspirador de movimentos que ocuparam as ruas nesses países para cobrar reformas que acabem com o abismo entre ricos e pobres e tornem o mundo menos desigual.
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Hessel nasceu em Berlim, em 1917, naturalizou-se francês em 1937, lutou contra a ocupação da França pelas tropas de Hitler, sobreviveu aos campos de concentração nazistas e foiumdos redatores da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

Durante a vida inteira, nunca perdeu a capacidade de se revoltar diante das injustiças sociais. 
Lançou Indignai-vos quando tinha 93 anos.
Morreu na quarta-feira, aos 95.

Sua capacidade de indignação faz falta ao Brasil. 
O país, que passou 500 anos dominado pela direita corrupta, viu o poder trocar de mãos e experimenta hoje um período de distribuição de renda impensável até pouco tempo atrás. 
Mas as mudanças pararam por aí. 
A corrupção, que desvia dos cofres públicos dinheiro que poderia melhorar a educação e a saúde, por exemplo, continua a envergonhar o país. 
Quem ousa denunciar as falcatruas é classificado como golpista.

Ora, golpista é quem traiu a população, prometendo uma reforma ética na política e depois aliou-se ao que havia de mais podre no Congresso e caiu de boca nas práticas que antes condenava. 
Na Grécia, esta semana, um tribunal condenou à prisão perpétua, pelo crime de peculato, o ex-presidente de Salônica, segundo maior município do país. 
 Ele foi julgado culpado pelo desvio de 17 milhões de euros do erário entre 1999 e 2010.

Agora, imagine uma coisa dessas no Brasil. 
Nem pensar! 
Aqui, corrupto nenhum, de direita ou de esquerda, jamais iria passar o resto da vida numa cadeia. Pelo contrário, mesmo condenados, eles continuam a debochar de nós, os eleitores, e atuar com a maior desfaçatez na cena política brasileira.

Plácido Fernandes Vieira Correio Braziliense

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