Henrique
Alves, do PMDB potiguar, é o deputado que, entre outras coisas, pagava
reportagens a seu favor com dinheiro público - reportagens que, aliás,
saíam no jornal de sua propriedade. Amanhã é o dia em que, se tudo
correr normalmente, Henrique Alves assume a presidência da Câmara dos
Deputados.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, acusa a
imprensa de perseguir seu partido. Como é que soubemos de suas
acusações?
Pela imprensa.
Qual a origem profissional de Falcão?
A
imprensa.
Aliás, foi diretor de uma importante revista de negócios,
capitalista da primeira à última página, Exame, da Editora Abril - que, veja só o caro leitor, virou símbolo do mal desde que Rui Falcão saiu de lá.
O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o aumento da gasolina
"não vai atrapalhar ninguém". Para ele, por exemplo, não atrapalha nada:
só anda de carro oficial, tão econômico que há anos não sabe o que é
pagar a gasolina.
Mantega é aquele ministro que todos os anos
prevê inflação baixa e alto crescimento do PIB. Até acerta:
só que
costuma trocar os números de um e de outro.
José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, condenado à prisão em regime fechado no processo do Mensalão, diz que não se calará, mesmo que numa cela de segurança máxima. Terá também aqueles celulares fantásticos, daqueles que oferecem o melhor serviço disponível no país, aqueles que ninguém bloqueia?
Mas o noticiário ainda nos oferta algumas surpresas.
O último tango
Pelo jeito, a grande função de Mantega é amaciar as más notícias.
O Chic Chopp
O
Encontro Nacional de Novos Prefeitos e Prefeitas reuniu 17 mil pessoas
em Brasília, para se informar sobre verbas federais. Foi
movimentadíssimo, nas reuniões e fora delas. Um dos participantes mais
notáveis foi o vice-prefeito de Águas de Lindoia, SP, Edu da Chic Chopp,
do PSD.
Edu da Chic Chopp foi para Brasília no carro oficial da Prefeitura; lá, buscando conhecer os meandros da capital, usou o carro oficial, dirigido pelo motorista oficial, para circular em casas noturnas.
No setor hoteleiro, por cerca de meia hora, conversou com uma
senhora parada na calçada (pedia informações, conforme disse, a respeito
de lugares onde pudesse comer alguma coisa). A senhora, gentil, o
acompanhou a um bar e depois a uma boate.
Quanto ao lanche que buscava, saiu caro.
Mas comeu, sim.
Quem são os pais?
Quem
deve dar orientar seus filhos: a família ou o Governo? O governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin, PSDB, vetou um projeto de lei que visava
proibir a propaganda de alimentos e bebidas "pobres em nutrientes", a
pretexto de proteger crianças e adolescentes.
Alckmin vetou o projeto
por ser inconstitucional, já que esse tipo de legislação tem de ser
obrigatoriamente federal. E, fora isso, tem toda a razão ao vetar o
projeto:
quem é que decide quais os alimentos e bebidas que podem ser
consumidos?
Este colunista, ao longo dos anos, já soube que o leite era o rei dos alimentos; depois, o leite passou a ser contestado, porque se dizia que o homem era o único mamífero a consumi-lo após a desmama (o que é falso: dê leite a um gato e ele vai adorar); hoje leite voltou a fazer bem.
O ovo era essencial e devia ser consumido todos os
dias; depois passou a ser meio prejudicial e a recomendação era comê-lo
até três vezes por semana; depois, uma vez por semana.
Hoje, ovo é bom
de novo.
Arroz com feijão era ruim, hoje é saudável.
Suco de laranja era
o máximo, hoje engorda tanto quanto refrigerante.
A batata, tão
demonizada, salvou a Europa da fome.
Sapo de fora
Mas
a questão é que quem deve educar os filhos, também do ponto de vista
alimentar, é a família, orientada por especialistas em quem confie, não
gente que nem nos conhece e que gosta de palpitar.
E nunca se deve esquecer outra coisa:
qual o valor, em termos mensaleiros, de uma autorização para fazer propaganda?
De onde vem
O autor do projeto de lei vetado pelo governador é o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão - aliás, um feroz crítico da imprensa que não apoie o Governo, e que ficaria enfraquecida ao perder publicidade.
Coincidência, claro.
A função da Justiça
O
Judiciário está abarrotado de processos?
Pelo jeito, não: pois uma
questão referente ao uniforme dos jogadores do Vasco da Gama foi levada à
Justiça, aceita e julgada. De acordo com a Justiça, o Vasco não pode
jogar com seu terceiro uniforme, azul, "porque o estatuto do clube veta o
uso de qualquer cor diferente das do escudo".
Os clubes criaram
uniformes alternativos, em cores não usuais, para facilitar a venda de
camisas; e os utilizam vez por outra (o Corinthians, por exemplo, tem um
terceiro uniforme roxo, e já usou um grená, em homenagem ao Torino,
time italiano dizimado por um acidente aéreo).
O Vasco diz que o
uniforme azul já lhe rendeu R$ 1 milhão em vendas.
Mas terá de
abandoná-lo.
E por que a questão não foi discutida internamente no Vasco, em vez de contribuir para congestionar a Justiça?
Boa pergunta.
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