"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 16, 2012

Gilberto Miranda, um profissional do submundo da política. Ex-professor de natação, ex-senador fez amigos poderosos, ficou milionário e, agora, deve explicações à Justiça


Um carro antigo sobre o piso de mármore chama a atenção de qualquer visitante. Nas paredes, obras de arte disputam espaço com a decoração espalhafatosa.

Era nessa mansão de 1.422 metros quadrados, no bairro dos Jardins, em São Paulo, que Paulo Vieira, apontado como chefe da quadrilha desbaratada na Operação Porto Seguro, fazia reuniões para negociar a venda de pareceres jurídicos em órgãos federais.

A casa, segundo a Polícia Federal, pertence ao ex-senador Gilberto Miranda, filho de família pobre de São José dos Campos, ex-professor de natação, que se tornou figura influente no mundo político. Afastado do Congresso Nacional desde 2005, teve o nome envolvido em uma série de escândalos, mas jamais perdeu o poder de influenciar decisões em Brasília.

O que se sabia até então sobre a casa das negociatas do grupo de Paulo Vieira era que o local servia de palco para as badaladas festas oferecidas por Miranda a seus amigos. Foi na casa de festas, por exemplo, que o publicitário e apresentador de TV Roberto Justus comemorou os seus 55 anos, em maio de 2010. Miranda e a mulher vivem em outra mansão, também nos Jardins.

A mansão de festas dos Jardins também é usada para hospedar convidados do ex-senador de passagem por São Paulo. A Polícia Federal flagrou dormindo no local, no dia 23 de novembro, quando deflagrou a Operação Porto Seguro, o então diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Tiago Pereira Lima. O flagrante foi fundamental para que Lima fosse denunciado à Justiça pelo crime de corrupção passiva pelo Ministério Público Federal, na última sexta-feira.

O imóvel havia sido negociado em 2006 por R$ 10,8 milhões. Está registrado hoje em nome da Brasil Empreendimentos e Participações Ltda (Braemp), que tem como principal proprietária uma empresa com sede na Holanda. A empresa tem capital social de R$ 103,9 milhões e seu objeto social é a participação em outras empresas.

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