"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 26, 2012

ENQUANTO ISSO NA REPÚBLICA TORPE... NA CASA DOS CANALHAS "MORTOS VIVOS" : Renan age para voltar ao "PUDÊ".

Cinco anos depois de renunciar à presidência do Senado para não ser cassado, o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), trabalha politicamente para pavimentar o retorno dele ao cargo.

Luta contra a desconfiança do Planalto e o incômodo do atual presidente, José Sarney (PMDB-AP), queixoso de que está com pouca força para fazer o sucessor.

Renan atua silenciosamente, distribui agrados aos colegas da bancada para, no momento em que julgar adequado, cobrar a gratidão daqueles a quem estendeu a mão nos momentos em que "estavam na chuva".

Dilma já disse pessoalmente a Renan que acha temerário o desejo dele de retornar ao posto de maior visibilidade do Senado. Não adiantou muito. O Planalto, então, começou a articular um plano B, a candidatura do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

Senador respeitado entre seus pares, a indicação do maranhense serviria para agradar ao conterrâneo Sarney, permitindo que este permaneça dando as cartas, mesmo após deixar o comando oficial do Congresso.

A estratégia, contudo, esfarelou. Estimulados pela trupe renanzista, senadores fizeram chegar ao ouvidos da presidente que um nome "chancelado pelo Planalto" seria uma candidatura natimorta aos olhos da Casa. Sarney começou, então, a ficar desconfiado de que não conseguiria eleger Lobão e, ainda, perderia seu último bastião de poder no setor elétrico.

Dilma já colocou todos os técnicos que queria nas estatais Furnas, Eletronorte e Eletrobras, desalojando apadrinhados.


Mimos e cargos


Renan Calheiros, então começou a agir. Como líder da bancada, não trombou de frente com o novo líder do governo na Casa, Eduardo Braga (AM), responsável pela exoneração de Romero Jucá (RR) do cargo. Com isso, sedimentou a relação com um dos líderes do antigo G8, grupo de oposição à cúpula peemedebista dentro da bancada.

Aproveitou ainda para não deixar ao relento o sem cargo Jucá:
nomeou-o relator da Comissão Mista de Orçamento.

Renan passou a distribuir também relatorias de medidas provisórias para os descontentes e emplacou Vital do Rêgo na presidência da CPI do Cachoeira. Para conseguir a neutralidade na disputa de fevereiro, até o senador Roberto Requião (PR) foi enquadrado: ganhou a presidência da representação brasileira no Mercosul.

"Isso significa que Requião vai votar em Renan para presidente? Provavelmente não. Mas ficará constrangido em fazer campanha contra", explicou um analista dos meandros peemedebistas.

Oficialmente, Renan diz que não está fazendo campanha para nada. "As eleições só serão em fevereiro. A única coisa que ninguém contesta é que cabe à maior bancada o direito de indicar o presidente. Essa bancada é o PMDB", disse ele, acrescentando que "não existem mais divisões internas na legenda, como ocorria antigamente".

Mas, se a pressão contra for insuperável, poderá apoiar outro nome, alegando que, na prática, jamais pensou em voltar à Presidência da Casa.

"Não existem mais divisões internas na legenda, como ocorria antigamente"
Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado

PAULO DE TARSO LYRA Correio Braziliense

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