"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 17, 2012

E NO "país rico é país SEM POBREZA"... Caro, caríssimo


O jornalista Kenneth Rapoza, da revista norte-americana Forbes, publicou em seu blog esta semana comentários interessantes sobre os carros brasileiros.
Irônico na verdade, quase jocoso, Rapoza diz que estamos sendo enganados, que nossos carros não valem o que pagamos por eles.


Bem, é fato:
carro, aqui, é muito caro mesmo.
Um Jeep Cherokee é vendido no Brasil por US$ 80 mil (R$ 170 mil).
Nos Estados Unidos, terra da Forbes, apenas US$ 28 mil.
E, exceto alguns marajás do serviço público, ganhamos menos do que os norte-americanos.


E o fenômeno não se restringe aos EUA.

Peguemos o Corolla, por exemplo:
aqui, custa por volta de US$ 38 mil;
na Argentina, US$ 22 mil;
nos EUA, apenas US$ 15,5 mil.

Por que isso ocorre?
Nossa mão de obra é tão cara assim?
É o custo do aço?
Dos insumos, como energia elétrica, enfim?
Ou seria a carga de impostos?

Essa última tem grande influência no estabelecimento do preço final, obviamente:
gira em torno de 30%, contra menos de 10% no Japão.
Mas, convenhamos, o Estado como nivelador de necessidades básicas é muito mais necessário num país tão desigual como o nosso, não?

Então, seria ingenuidade dos consumidores, como insinua o colunista da Forbes? Talvez.
Damos um valor excessivo ao que temos mais até do que ao que somos.
Sabemos há tempos que carro é instrumento de ascensão social.

Mas usando estudos e reportagens feitas no Brasil, o próprio Rapoza insinua que há o chamado lucro Brasil, que torna o país um paraíso para as montadoras.
Essa discussão não é nova, mas traz novamente à tona o questionamento:
o Estado deve intervir em casos estranhos que acontecem na economia?

Se ele agir como indutor de crescimento, claro que sim.
As próprias montadoras brigam para que o IPI deixe de ser cobrado ou seja reduzido mas quando isso ocorre, nem sempre o preço final ao consumidor cai na mesma proporção.
Vale a pena esperar que o mercado automobilístico se autorregule?

Hoje, quatro empresas são donas de mais da metade das vendas.
Se o Estado, porém, age como regulador, há reação:
por que não se pode estabelecer margem máxima de lucro para certos produtos?

Não sou economista, mas creio ter senso de justiça apurado:
do que jeito que as coisas estão, só quem ganha são as montadoras mais antigas (que definem até as tarifas de importação) e o Estado, que cobra altas taxas para rolar (e enrolar) a gestão de governos incompetentes administrativamente.

Renato Ferraz Correio Braziliense

Um comentário:

To Fora disse...

Aço é caro?
Preço em aço de um Corolla: aproximadamente R$350,00.
Isto comprando o aço só para fazer um carro,imagina para milhares.