"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 06, 2012

Como trucidar um patrimônio dos brasileiros

Os brasileiros foram surpreendidos na noite da última sexta-feira com a informação de que a maior empresa do país produziu um prejuízo histórico. Transformar uma gigante como a Petrobras numa companhia deficitária é mais uma das notáveis realizações do governo petista.

Nos últimos anos, a cada vez que se pensou que a estatal já chegara ao fundo do poço, sua situação sempre piorou um pouco mais.

Qual será o limite?

O prejuízo da Petrobras no segundo trimestre foi de R$ 1,346 bilhão. É a primeira vez que isso acontece em 13 anos e a terceira vez na história da companhia. Diferentemente de agora, nas outras duas ocasiões as condições gerais da economia eram muito mais críticas:
seja pela maxidesvalorização cambial, no primeiro trimestre de 1999, seja pelo desarranjo geral do país no governo Fernando Collor, no quarto trimestre de 1991.

O câmbio é apontado pela companhia como um dos fatores que levaram ao rombo. Mas é apenas o menor dos culpados. O que conduz a Petrobras a um mergulho que não se sabe em quão profundas águas irá parar é uma política equivocada ditada pelo Palácio do Planalto, que obriga a empresa a produzir com prejuízo e de maneira crescentemente ineficiente.

De 2003 até hoje, ou seja, ao longo de todo o período do governo do PT, a Petrobras jamais conseguiu cumprir suas metas de produção. Há três anos a quantidade de petróleo extraído está estagnada - no segundo trimestre, caiu 4% - e são ralas as chances de que se recupere até 2013.

Sem novas refinarias no horizonte, o país também continuará a conviver com escassez de derivados pelos próximos três ou quatro anos.

A principal razão para a derrocada da estatal é a política de preços para os combustíveis praticada no país nos últimos anos. A Petrobras paga pelo diesel e pela gasolina que importa muito mais do que cobra ao revendê-los no mercado interno:
no primeiro semestre, o saldo líquido negativo nestas operações atingiu R$ 9,4 bilhões, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura.

Trata-se da principal marreta usada pelo governo petista para segurar a inflação no país. Desde 2005, os preços de gasolina e diesel não são reajustados no varejo, embora as cotações internacionais tenham escalado - hoje o barril do tipo Brent supera US$ 108. Com isso, apresentam defasagens de 14% e 17%, respectivamente, em relação ao mercado global.

A equivocada política afeta, de tabela, a produção de etanol. Em decorrência do congelamento dos preços, o país que outrora foi saudado como potência do biocombustível viu sua produção de etanol cair 17% na safra 2011/2012, ao mesmo tempo em que teve que recorrer à importação de 1,45 bilhão de litros para evitar o desabastecimento do mercado.

O que se apresentava como portentosa promessa foi arrasado pela incúria petista.

Sob as garras do PT, a Petrobras tornou-se exemplo de mau negócio no mundo. Só neste ano, já perdeu mais de R$ 26 bilhões em valor de mercado e tornou-se patinho feio no mercado de capitais. Segundo o banco Credit Suisse, a estatal brasileira tem os piores níveis de retorno no refino quando comparada com outras 15 empresas globais.

"A depreciação das ações da Petrobras chegou a um ponto tal que a estatal brasileira já está sendo comparada negativamente com a argentina YPF, que recentemente foi reestatizada e que enfrenta vários problemas na Argentina", informou o Valor Econômico na semana passada.

Desde a operação de capitalização da empresa, em 2009, as ações da Petrobras já caíram mais de 40% - percentual que deve se acentuar nos próximos dias, a partir da divulgação do histórico prejuízo.

Vale comparar:
no governo Fernando Henrique, os papéis da empresa subiram 386%, fruto da adoção de práticas de mercado e da melhora da governança.

A Petrobras também se ressente de outras escolhas equivocadas ditadas no governo Lula e ainda não alteradas pela gestão Dilma Rousseff. A política de conteúdo local limita e encarece seus projetos, diante da dificuldade da indústria nacional de atender plenamente as demandas.

Além disso, alguns de seus principais investimentos pecam pelo desmazelo.

Ontem, (O Estado de S.Paulo) mostrou que a refinaria Abreu e Lima, por exemplo, poderia custar quase um décimo do previsto. Seu orçamento, que começou em US$ 2,3 bilhões quando a obra foi lançada em 2005, já ultrapassa US$ 20 bilhões. A negligência também mantém a obra da refinaria Premium II, "lançada" por Lula em 2010 no Ceará, como um imenso
(matagal).

É difícil aceitar que uma empresa que tenha faturado R$ 68 bilhões feche o trimestre no vermelho. Mas o que se verifica na Petrobras é o mesmo descontrole e a mesma ineficiência que grassam na administração do setor público na gestão petista:
as receitas nunca são suficientes para cobrir as despesas.

É a forma mais eficaz de trucidar um patrimônio de todos os brasileiros, que está sendo arruinado pelo PT.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Como trucidar um patrimônio dos brasileiros

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