"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 01, 2012

Plano Real faz aniversário e vira “maior de idade” hoje


Aos 18 anos, o Plano Real deixou um legado que toda uma geração de governantes brasileiros não conseguiu: freou o descontrole de preços e deu segurança à população no planejamento de suas finanças.

Após o impeachment de Fernando Collor de Mello, em outubro de 1992, restou ao vice Itamar Franco tentar resolver o problema da hiperinflação brasileira.

O então ministro das Relações Exteriores, Fernando Henrique Cardoso, assumiu o Ministério da Fazenda e lançou em dezembro de 1992 o Plano de Estabilização Econômica com o objetivo de preparar a economia para uma nova moeda, o real, que passaria a circular em julho de 1994.

O programa foi desenvolvido ao longo de um ano por um grupo de economistas: Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan, Persio Arida, Rubens Ricúpero e Winston Fritsch.

"O plano quebrou a espinha dorsal da hiperinflação com uma indexação plena da economia. Todos os contratos passaram a ser indexados em URV (Unidade Real de Valor)", diz Carlos Eduardo Gonçalves, professor da FEA-USP.

Com situação fiscal delicada, o governo imprimia dinheiro para fechar as contas, mas na outra ponta, isso gerava uma correção automática de preços e os consumidores viam a moeda perder valor em curtíssimo prazo.

Após o Plano Real, a chamada inflação inercial praticamente acabou, o que permitiu a estabilização da economia.

"O Plano Real conseguiu fazer com o governo parasse de usar a inflação para financiar as suas contas", afirma Emerson Marçal, professor da FGV, ao lembrar do que se convencionou chamar de "imposto inflacionário".

Gonçalves, da FEA-USP, complementa: "Se você não faz nada a partir daí, o que ocorre é que a inflação vai voltar. Foram então implementadas duas medidas: o câmbio fixo, que é o remédio tradicional para quebrar a inflação, e o ajuste fiscal"..

A redução da desigualdade na distribuição de renda, alardeada nos últimos anos por meio de programas como o Bolsa-Família, tem origem na estabilização macroeconômica, afirma Marçal.

Ele lembra que o desgoverno de preços prejudicava principalmente a população de baixa renda.

Os números mostram a eficácia do programa: em 1994, a inflação acumulada foi de 916,50% e, no ano seguinte, desabou para 22,40%, segundo dados compilados pela LCA consultores.

Em 1999, o desajuste das contas do governo implodiu o regime de câmbio fixo. A partir daí, a estratégia foi adotar o tripé composto por câmbio flutuante, metas de inflação e o controle fiscal por meio de superávits primários.

Com isso, a economia brasileira seguiu em trajetória de estabilização, o que se refletiu em maior crescimento do PIB e também na melhora do mercado de trabalho.

Cara nova


Plano Real ganhou segunda família no final de 2010 -
Foto: Joka Madruga/08.06.2012/AE


Em dezembro de 2010, a moeda brasileira ganhou uma nova cara com o objetivo de evitar fraudes. Segundo o BC, as novas tecnologias digitais permitiram a evolução e de “recursos gráficos e elementos antifalsificação mais modernos, capazes de continuar garantindo a segurança do dinheiro brasileiro nos próximos anos”.


Apenas as notas novas de R$ 50 e R$ 100 já estão em circulação. As cédulas de R$ 10, R$ 20, R$ 2 e R$ 5 ainda não chegaram às mãos do público, mas existe a possibilidade de isso acontecer ainda este ano, segundo o BC.

A nota de R$ 1 deixou de ser fabricada em 2005 e a segunda família não terá uma reedição da “nota-símbolo” da moeda brasileira. Isso porque, segundo o BC, as moedas têm “uma relação custo-benefício muito superior à das notas, em função de sua durabilidade”.

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