A desaceleração da economia, o aumento da inadimplência e a maior seletividade na concessão de crédito afetaram a geração de caixa das empresas, cenário adverso que fez os pedidos de falência subirem com força no primeiro semestre.
De janeiro a junho, segundo levantamento da Boa Vista Serviços com abrangência nacional, foram feitos 959 requerimentos, 16,5% a mais do que no mesmo período de 2011.
Uma alta nessa comparação não aconteceu nem em 2009, quando o impacto da crise provocou avanço de 3,3% nos pedidos de falência na primeira metade do ano. Desde então, a tendência observada era de recuo no primeiro semestre.
Mais atingida pela piora do ambiente externo e pelo ritmo fraco da atividade doméstica, a indústria também se destaca como setor mais insolvente. Com salto de 21,3% nos pedidos de falência entre o primeiro semestre do ano passado e igual período deste ano, o ramo industrial concentrou 39% dos requerimentos feitos nos primeiros seis meses, fatia dois pontos percentuais acima da registrada na primeira metade de 2011.
Essa parcela é ainda mais robusta no segmento de médias e grandes empresas, no qual a indústria representa 59% do total de falências requeridas no período.
A participação da indústria ainda é expressiva nos pedidos de recuperação judicial feitos na primeira metade do ano, com 33% dos casos, assim como nas recuperações decretadas, entre as quais responde por 34% do total. Segundo a Boa Vista, houve aumento de 87,9% nos pedidos de recuperação judicial e de 63% nas recuperações judiciais decretadas no segmento industrial entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período deste ano.
O economista-chefe da empresa, Flávio Calife, observa que os pedidos de falência aumentaram mesmo com a maior dificuldade imposta pela Lei de Falências de 2005, que estabeleceu dívidas empresariais de 40 salários mínimos como piso para embasar tais requerimentos.
Esse quadro, diz Calife, permite concluir que os efeitos do processo de alta da inadimplência e do endividamento das famílias, assim como da perda de fôlego da economia, que vêm desde meados de 2011, foram mais sentidos pelo caixa das empresas neste ano.
"No ano passado, as empresas estavam mais endividadas. Agora, há uma situação de insolvência e os credores estão usando os pedidos de falência para tentar reaver seus créditos perdidos."
Também está desequilibrando o desempenho financeiro das empresas, segundo ele, o cenário de crise global, que se arrasta por um período mais longo que o esperado e dificulta o pagamento e refinanciamento de dívidas, devido à postura mais cautelosa dos bancos.
A indústria, por atravessar situação mais delicada que a dos outros setores da economia, diz o economista, se ressente ainda mais do enfraquecimento das concessões, cuja média diária à pessoa jurídica cresceu apenas 0,6% nos primeiros cinco meses do ano, de acordo com o Banco Central.
De janeiro a maio, a produção industrial encolheu 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Em igual comparação, o volume de vendas do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, registrou avanço de 5,8%. Para analistas, o tombo da indústria deve se manter até o fim do ano e reflete não apenas questões conjunturais como a queda nas exportações de manufaturados e o apetite menor do consumidor por bens duráveis, mas também a perda de competitividade estrutural do setor.
Além do quadro externo complicado - particularmente na Argentina, que é o maior mercado para os produtos manufaturados brasileiros - e do ritmo fraco da economia doméstica, o economista Douglas Uemura, da LCA Consultores, destaca os estoques excessivos como outro fator que diminuiu as margens da indústria no primeiro semestre, apesar de dados de junho sinalizarem que o setor começou o segundo semestre mais ajustado, principalmente no segmento automobilístico, depois da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.
Arícia Martins | De São Paulo Valor Econômico
De janeiro a junho, segundo levantamento da Boa Vista Serviços com abrangência nacional, foram feitos 959 requerimentos, 16,5% a mais do que no mesmo período de 2011.
Uma alta nessa comparação não aconteceu nem em 2009, quando o impacto da crise provocou avanço de 3,3% nos pedidos de falência na primeira metade do ano. Desde então, a tendência observada era de recuo no primeiro semestre.
Mais atingida pela piora do ambiente externo e pelo ritmo fraco da atividade doméstica, a indústria também se destaca como setor mais insolvente. Com salto de 21,3% nos pedidos de falência entre o primeiro semestre do ano passado e igual período deste ano, o ramo industrial concentrou 39% dos requerimentos feitos nos primeiros seis meses, fatia dois pontos percentuais acima da registrada na primeira metade de 2011.
Essa parcela é ainda mais robusta no segmento de médias e grandes empresas, no qual a indústria representa 59% do total de falências requeridas no período.
A participação da indústria ainda é expressiva nos pedidos de recuperação judicial feitos na primeira metade do ano, com 33% dos casos, assim como nas recuperações decretadas, entre as quais responde por 34% do total. Segundo a Boa Vista, houve aumento de 87,9% nos pedidos de recuperação judicial e de 63% nas recuperações judiciais decretadas no segmento industrial entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período deste ano.
O economista-chefe da empresa, Flávio Calife, observa que os pedidos de falência aumentaram mesmo com a maior dificuldade imposta pela Lei de Falências de 2005, que estabeleceu dívidas empresariais de 40 salários mínimos como piso para embasar tais requerimentos.
Esse quadro, diz Calife, permite concluir que os efeitos do processo de alta da inadimplência e do endividamento das famílias, assim como da perda de fôlego da economia, que vêm desde meados de 2011, foram mais sentidos pelo caixa das empresas neste ano.
"No ano passado, as empresas estavam mais endividadas. Agora, há uma situação de insolvência e os credores estão usando os pedidos de falência para tentar reaver seus créditos perdidos."
Também está desequilibrando o desempenho financeiro das empresas, segundo ele, o cenário de crise global, que se arrasta por um período mais longo que o esperado e dificulta o pagamento e refinanciamento de dívidas, devido à postura mais cautelosa dos bancos.
A indústria, por atravessar situação mais delicada que a dos outros setores da economia, diz o economista, se ressente ainda mais do enfraquecimento das concessões, cuja média diária à pessoa jurídica cresceu apenas 0,6% nos primeiros cinco meses do ano, de acordo com o Banco Central.
De janeiro a maio, a produção industrial encolheu 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Em igual comparação, o volume de vendas do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, registrou avanço de 5,8%. Para analistas, o tombo da indústria deve se manter até o fim do ano e reflete não apenas questões conjunturais como a queda nas exportações de manufaturados e o apetite menor do consumidor por bens duráveis, mas também a perda de competitividade estrutural do setor.
Além do quadro externo complicado - particularmente na Argentina, que é o maior mercado para os produtos manufaturados brasileiros - e do ritmo fraco da economia doméstica, o economista Douglas Uemura, da LCA Consultores, destaca os estoques excessivos como outro fator que diminuiu as margens da indústria no primeiro semestre, apesar de dados de junho sinalizarem que o setor começou o segundo semestre mais ajustado, principalmente no segmento automobilístico, depois da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.
Arícia Martins | De São Paulo Valor Econômico
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