"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 21, 2012

E NO brasil maravilha da FRENÉTICA /EXTRAORDINÁRIA/GERENTONA "PREPARADA": Indústria ociosa e sem reação


Estudos mostram redução da produtividade e falta de confiança para novos investimentos, ameaçando o já minguado crescimento do PIB

O Brasil não pode mais contar com a indústria para puxar o crescimento e impulsionar os investimentos em 2012. Além da estagnação do setor, uma crise de confiança se instalou entre os empresários e, segundo estudos divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), eles estão cada vez mais descrentes em uma retomada no curto prazo.

O nível de confiança medido por essas instituições caiu ao menor patamar do ano e, diante de um consumo mais fraco das famílias, as fábricas passaram a enfrentar ainda dificuldades para escoar estoques:
as empresas se viram obrigadas a reduzir o ritmo de produção e a capacidade ociosa bateu em 16,3% em junho, um percentual inferior a média dos últimos cinco anos.

Com esses números, o banco de investimentos Credit Suisse reduziu a estimativa de expansão do país de 2% para 1,5% — revisão que irritou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "É uma piada. Vai ser muito mais que isso", afirmou. O banco, porém, justifica o pessimismo com cálculos que mostram uma desaceleração no ritmo de investimentos, de 4,7% em 2011 para 0,3% em 2012.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, tentou minimizar. "Acho que a visão que os europeus têm é necessariamente negativa por ser influenciada pelo clima de lá. A situação do mercado financeiro na Europa é muito ruim", disse. "Não acompanho esse pessimismo do Credit Suisse. Acho que vamos crescer mais que isso", emendou.

Estagnada desde o terceiro trimestre do ano passado, a indústria não conseguiu esboçar reação mesmo após medidas de desoneração, de incentivo ao crédito e do dólar ter alcançado a casa dos
R$ 2, nível considerado ideal pelos empresários para exportar e também para evitar a concorrência dos importados.

O governo tem tentado atender a todos os lobbies dos industriais e distribuiu benefícios na esperança de evitar que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) ganhasse formas de "Pibinho", mas, para analistas, é praticamente impossível um resultado próximo, pelo menos, de 3%. As previsões foram todas revisadas no mercado para baixo nas últimas semanas e a aposta principal é de que, no máximo, o Brasil alcance 2,3%.

Os mais pessimistas falam até em uma expansão de 1,2% no ano e parte desse resultado ruim é atribuído ao setor produtivo.

Frustração

"O cenário para a indústria é de estagnação. Há entre os empresários um sentimento de frustração, de que as coisas não estão melhorando", observou Marcelo de Ávila, economista da CNI. Pelos dados da entidade, a queda de confiança foi maior entre as empresas de grande porte, houve uma redução de 2,6 pontos no indicador entre maio e junho. Nas de médio porte, o recuo foi de 1,6 ponto e, nas pequenas, de 0,6.

De 28 segmentos pesquisados pela CNI, 21 apresentaram retração no otimismo. Pelos números da FGV, as expectativas futuras também foram afetadas, caíram ao menor nível do ano, o que indica ainda que as previsões de investimento devem ficar apenas no papel. Com o aumento da capacidade ociosa da indústria e a perspectiva de um ritmo menor de consumo, os empresários não veem motivo para expandir.

VICTOR MARTINS Correio Braziliense

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