
Nas duas regiões, a presidente Dilma Rousseff teve quase 12 milhões de votos a mais do que José Serra (PSDB) nas eleições de 2010 — nas outras três, a vantagem foi inferior a 300 mil votos.
Com o nome guardado em sigilo pelo governo, o Brasil Carinhoso garantirá renda mínima de R$ 70 para cada membro de famílias extremamente pobres, desde que tenham ao menos uma criança menor de 6 anos.
O programa será anunciado em rádio e tevê, durante horário nobre, em homenagem ao Dia das Mães. Em princípio, o Brasil Carinhoso terá três eixos. O primeiro é o reforço ao Bolsa Família.
O segundo será a ampliação dos programas de saúde para crianças de até 6 anos — com controle de anemia e de suplementação de vitamina A —, além da inserção de remédios gratuitos para asma em unidades do Farmácia Popular.
Por último, o aumento do acesso de crianças de famílias extremamente pobres a creches. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, apenas 3,6% das pessoas na primeira infância inscritas no Bolsa Família frenquentam creches.
As ações terão mais impacto justamente nas regiões que mais contribuíram para a vitória de Dilma em 2010:
cerca de 70% das crianças em situação de pobreza absoluta vivem no Norte e no Nordeste. A sigla do programa Ação Brasil Carinhoso, ABC, também é defendida pelo Planalto como uma “cartilha” de como cuidar do Brasil sem Miséria. O programa atingiria 4 milhões de famílias inscritas no Bolsa Família. No ano passado, o benefício foi reajustado em cerca de 19%, em média, e o anúncio foi feito no interior da Bahia.
Os investimentos previstos para o Brasil Carinhoso serão feitos em parceria dos governos federal, estaduais e municipais. A ampliação do acesso das crianças do Bolsa Família à creche se dará principalmente com a construção de novas unidades — os recursos necessários ainda não foram fechados — e parcerias com instituições públicas e privadas.
A promessa do governo é 6 mil instituições até 2014, ao custo previsto de R$ 7,6 bilhões.
Projeto
O lançamento do Brasil Carinhoso a dois meses das eleições contribui para o projeto governista de expansão no Nordeste e no Norte. Atualmente, as duas regiões têm cinco governadores de oposição, em Alagoas, Pará, Roraima, Rio Grande do Norte e Tocantins, contra 11 governistas.
Nas 16 capitais do Norte/Nordeste, o PT, partido da presidente Dilma Rousseff, tem apenas cinco prefeitos. Os aliados de primeira ordem PSB e PCdoB somam três.
A ideia do governo federal é avançar sobre o espaço ocupado por siglas independentes, que têm seis prefeituras:
PTB (três),
PP (duas)
e PDT (uma);
e de oposição, no caso o PSDB, com uma.
Embora faça parte da base, o PV é adversário do Planalto em Natal.
Oposição
As eleições de 2010 reduziram o espaço da oposição especialmente nos estados nordestinos, onde apenas Teotônio Vilela (PSDB), em Alagoas, e Rosalba Ciarlini (DEM), no Rio Grande do Norte, conseguiram fazer frente à máquina eleitoral governista. Em comparação com o pleito de 2006, os oposicionistas perderam um estado.
Na ocasião, haviam sido eleitos Jackson Lago (PDT-MA), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Teotônio Vilela. Os dois primeiros, no entanto, foram cassados por irregularidades nas eleições.
Eixo de ações
Confira as iniciativas previstas pelo programa Brasil Carinhoso
Renda mínima
O governo garantirá um orçamento mínimo de R$ 70 por membro familiar para os extremamente pobres que tiverem pelo menos uma criança menor de 6 anos.
Saúde
Ampliação de programas já previstos para crianças de até 6 anos, controles de anemia e de suplementação de vitamina A e disponibilização de remédios gratuitos para asma em unidades da farmácia popular.
Creches
Investimentos para a ampliação do número de creches com foco nas famílias atendidas pelo Bolsa Família. A ideia do governo é 6 mil unidades até 2014.
R$ 7,6 bilhões
Custo das 6 mil creches que o governo pretende inaugurar até 2014
IVAN IUNES Correio Braziliense
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