"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 27, 2012

'São uns revanchistas que não absorveram ainda a derrota'

O delegado aposentado David Araújo, de 75 anos, disse ontem ao Estado que vai dar queixa à polícia contra os manifestantes por danos morais e materiais e apologia ao crime.

O que o sr. pretende fazer diante desse protesto?

Em primeiro lugar, meu advogado vai entrar com uma denúncia, no 27.º DP, por denúncia caluniosa, perdas e danos materiais e morais e pela apologia ao crime. Também estou pedindo à Secretaria de Segurança Pública e à Auditoria Militar do Exército certidões para demonstrar se, em algum momento da minha vida, eu fui processado por homicídio. Em 44 anos de atividade policial eu não recebi nenhuma punição. Nenhuma. Sequer uma advertência, admoestação, suspensão. Eu fotografei, peguei o nome do advogado que estava com os manifestantes e a chapa do carro de som. Nós, da polícia, já sabemos mais ou menos quem contratou o carro, mas ainda não posso dizer.

A que atribui esse protesto, nesse momento?

À esquerda, aos perdedores de 1970, uns revanchistas que não absorveram ainda a derrota e querem nos colocar no banco dos réus sem ter nada para provar. Estão falando de fatos que ocorreram há mais de 40 anos. Eu já fui processado na 7.ª Vara Federal, em 2010, e absolvido. O juiz julgou improcedentes todas as acusações feitas pelo Ministério Público Federal. Os seis procuradores que assinaram a procuração nem tinham nascido em 1970, quando trabalhei no DOI-Codi.

Os manifestantes disseram que o sr. está sendo investigado pelo desvio de armas de uso restrito das Forças Armadas.

Não mereço isso.
Fui assistente do delegado Romeu Tuma, na Polícia Federal, durante dez anos, entre 1973 e 1983. A Dacala é idônea. Todas as empresas de segurança são obrigadas a renovar anualmente o seu alvará de funcionamento. Imagine se a Polícia Federal iria me autorizar a continuar funcionando se eu tivesse algum dia desviado uma arma.


Como o sr. vê esse tipo de escracho público?

Uma barbaridade.
Imagine se você, jornalista, comete alguma barbaridade e o pessoal põe o teu jornal no meio. Você tem um CPF e o jornal, um CNPJ. Não poderiam nunca ter misturado a pessoa jurídica, a Dacala, com a pessoa física, o David Araújo. Nunca cometi um ato que me envergonhasse dos meus bisnetos, netos, filhos e amigos.

O Estado de S. Paulo

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