Pastor evangélico, engenheiro, cantor, compositor e escritor, o senador Marcelo Crivella ganhou a missão de multiplicar os peixes do governo Dilma Rousseff.
É o terceiro a ocupar o Ministério da Pesca nos pouco mais de um ano da atual gestão. Assim como várias na Esplanada, a pasta não tem outra função que não arrebanhar apoios ao projeto hegemônico de poder petista.
O ministério foi criado no governo Lula e, durante a gestão dele, teve como finalidade acomodar políticos petistas derrotados em eleições. Foi assim com José Fritsch e Altemir Gregolin, ambos catarinenses e ambos castigados pelas urnas, marca também de Ideli Salvatti, ministra da Pesca já na gestão Dilma.
O ministro recém-defenestrado, Luiz Sérgio, não figura na lista de sulistas abatidos pelo voto, mas na de fracassados:
em pouco mais de um ano, conseguiu ser demitido duas vezes.
Agora, por telefone; antes, da Articulação Política, por insuficiência de desempenho.
De Fritsch ao senador carioca do PRB, todos os ministros da Pesca têm uma característica comum:
não entendem nada do assunto.
Para cuidar dos pescados do Brasil, o PT escalou, nesta ordem, um cientista político, um veterinário, uma física, um metalúrgico e, agora, um engenheiro civil. Nesta rede, peixe não vem.
Crivella deixou claro ontem que, desta missa, não sabe nem um terço: "Vou lhes dizer, com humildade. Eu nem sei colocar uma minhoca no anzol. Na verdade, estou indo para aprender", disse ele, em entrevista a uma rádio.
Ministério não deveria servir para pós-graduação, mas o da Pesca nem a isso se presta.
Desde que a pasta foi criada por Lula, o desempenho pesqueiro do país declinou. Sua balança comercial tornou-se deficitária a partir de 2006. No ano passado, para cada dólar exportado no setor, o Brasil importou seis:
o rombo foi de US$ 1 bilhão, o dobro de dois anos antes.
A despeito de o orçamento da Pesca ter crescido 831% desde 2004, não houve reflexo positivo na produção nacional, que só aumentou 25% até 2009 (dado mais recente disponível), segundo O Globo.
O Brasil é hoje apenas o 18º principal produtor no ranking mundial do setor.
Mas a Pesca é apenas uma das irrelevâncias na Esplanada de quase 40 ministérios petista. A lista traz, ainda, pastas como a de Política para as Mulheres e a de Igualdade Racial, para ficar apenas nos casos mais gritantes.
Têm em comum o fato de que "se transformaram no decorrer dos anos em pesadas estruturas burocráticas que têm custo mais alto do que o orçamento de investimento que administram", como mostrou o Correio Braziliense há dez dias.
"As despesas com pessoal e gastos de manutenção do Ministério da Pesca e Aquicultura e das secretarias de Política para as Mulheres, de Igualdade Racial e de Direitos Humanos representam quase o dobro dos recursos de investimentos", informou o jornal.
Neste ano, enquanto a folha de pagamento dos funcionários e a despesa corrente destes órgãos consumirão R$ 515 milhões, para investimentos estão reservados apenas R$ 272 milhões.
Na Pesca, por exemplo, serão gastos R$ 7,6 milhões em locação de imóveis, valor que corresponde a todo o orçamento anual da pasta para o programa de prevenção de doenças em animais aquáticos.
Já o pagamento de funções comissionadas consumiu R$ 13,2 milhões em 2011, superando o valor destinado ao monitoramento da atividade pesqueira nacional.
Fica evidente que o que Dilma Rousseff transferiu anteontem para o partido evangélico não foi uma estrutura destinada a cuidar de algum aspecto da vida nacional.
Foi um cabide que terá R$ 154 milhões de orçamento neste ano, não apenas para ser preenchido com apaniguados como também para distribuir, por exemplo, o chamado seguro-defeso - a "bolsa pescador" que o governo do PT multiplicou por cinco.
A escalação de Crivella para comandar a Pesca dá ares de galhofa à forma com que o petismo partilha o poder e compra apoios à sua estratégia hegemônica. Os aliados já começaram a reclamar das migalhas que lhes sobram.
Mas quem perde mesmo é a sociedade brasileira, que só paga a conta de quem governa com minhoca na cabeça.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Minhoca na cabeça
É o terceiro a ocupar o Ministério da Pesca nos pouco mais de um ano da atual gestão. Assim como várias na Esplanada, a pasta não tem outra função que não arrebanhar apoios ao projeto hegemônico de poder petista.
O ministério foi criado no governo Lula e, durante a gestão dele, teve como finalidade acomodar políticos petistas derrotados em eleições. Foi assim com José Fritsch e Altemir Gregolin, ambos catarinenses e ambos castigados pelas urnas, marca também de Ideli Salvatti, ministra da Pesca já na gestão Dilma.
O ministro recém-defenestrado, Luiz Sérgio, não figura na lista de sulistas abatidos pelo voto, mas na de fracassados:
em pouco mais de um ano, conseguiu ser demitido duas vezes.
Agora, por telefone; antes, da Articulação Política, por insuficiência de desempenho.
De Fritsch ao senador carioca do PRB, todos os ministros da Pesca têm uma característica comum:
não entendem nada do assunto.
Para cuidar dos pescados do Brasil, o PT escalou, nesta ordem, um cientista político, um veterinário, uma física, um metalúrgico e, agora, um engenheiro civil. Nesta rede, peixe não vem.
Crivella deixou claro ontem que, desta missa, não sabe nem um terço: "Vou lhes dizer, com humildade. Eu nem sei colocar uma minhoca no anzol. Na verdade, estou indo para aprender", disse ele, em entrevista a uma rádio.
Ministério não deveria servir para pós-graduação, mas o da Pesca nem a isso se presta.
Desde que a pasta foi criada por Lula, o desempenho pesqueiro do país declinou. Sua balança comercial tornou-se deficitária a partir de 2006. No ano passado, para cada dólar exportado no setor, o Brasil importou seis:
o rombo foi de US$ 1 bilhão, o dobro de dois anos antes.
A despeito de o orçamento da Pesca ter crescido 831% desde 2004, não houve reflexo positivo na produção nacional, que só aumentou 25% até 2009 (dado mais recente disponível), segundo O Globo.
O Brasil é hoje apenas o 18º principal produtor no ranking mundial do setor.
Mas a Pesca é apenas uma das irrelevâncias na Esplanada de quase 40 ministérios petista. A lista traz, ainda, pastas como a de Política para as Mulheres e a de Igualdade Racial, para ficar apenas nos casos mais gritantes.
Têm em comum o fato de que "se transformaram no decorrer dos anos em pesadas estruturas burocráticas que têm custo mais alto do que o orçamento de investimento que administram", como mostrou o Correio Braziliense há dez dias.
"As despesas com pessoal e gastos de manutenção do Ministério da Pesca e Aquicultura e das secretarias de Política para as Mulheres, de Igualdade Racial e de Direitos Humanos representam quase o dobro dos recursos de investimentos", informou o jornal.
Neste ano, enquanto a folha de pagamento dos funcionários e a despesa corrente destes órgãos consumirão R$ 515 milhões, para investimentos estão reservados apenas R$ 272 milhões.
Na Pesca, por exemplo, serão gastos R$ 7,6 milhões em locação de imóveis, valor que corresponde a todo o orçamento anual da pasta para o programa de prevenção de doenças em animais aquáticos.
Já o pagamento de funções comissionadas consumiu R$ 13,2 milhões em 2011, superando o valor destinado ao monitoramento da atividade pesqueira nacional.
Fica evidente que o que Dilma Rousseff transferiu anteontem para o partido evangélico não foi uma estrutura destinada a cuidar de algum aspecto da vida nacional.
Foi um cabide que terá R$ 154 milhões de orçamento neste ano, não apenas para ser preenchido com apaniguados como também para distribuir, por exemplo, o chamado seguro-defeso - a "bolsa pescador" que o governo do PT multiplicou por cinco.
A escalação de Crivella para comandar a Pesca dá ares de galhofa à forma com que o petismo partilha o poder e compra apoios à sua estratégia hegemônica. Os aliados já começaram a reclamar das migalhas que lhes sobram.
Mas quem perde mesmo é a sociedade brasileira, que só paga a conta de quem governa com minhoca na cabeça.
Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Minhoca na cabeça
Nenhum comentário:
Postar um comentário