Embora tenha ficado abaixo do corte de R$ 60 bilhões esperado pelos analistas de mercado, o contingenciamento de R$ 55 bilhões anunciado ontem não foi uma decepção.
O mercado financeiro manteve a aposta de que a taxa de juros continuará em queda neste ano, num sinal de que o cumprimento da meta fiscal é considerado factível. Isso não quer dizer, porém, que os economistas acreditaram em tudo o que o governo anunciou.
"No ano passado, o governo disse que ia economizar R$ 2 bilhões em despesas do INSS, mas na verdade ele gastou R$ 5 bilhões mais do que o previsto", comentou o economista Mansueto Almeida.
"Como acreditar agora num corte de R$ 7,7 bilhões num ano que tem um aumento brutal do salário mínimo?"
Ele acha que o governo até pode fechar o ano com uma redução de gastos de R$ 55 bilhões, mas isso pode não significar uma economia efetiva.
Isso porque o pagamento de algumas despesas pode ser adiado para o ano que vem, na forma de restos a pagar.
Só em janeiro deste ano foram quitados R$ 8,8 bilhões em restos a pagar de despesas de custeio. Em janeiro de 2011, foram R$ 5 bilhões.
"Para mim, o corte anunciado poderia ser de R$ 55 bilhões, R$ 60 bilhões ou R$ 65 bilhões que não faria muita diferença."
Dúvidas quanto às projeções feitas pelo governo também levaram a consultoria Tendências a manter sua previsão de que o superávit primário deste ano será de 2,6% do PIB, e não os 3,1% prometidos pelo governo.
"Como ainda tem muita coisa nebulosa, a gente prefere ser conservador e manter uma projeção mais contida", disse o economista Felipe Salto.
Ele tem dúvida, por exemplo, quanto à arrecadação. Mesmo com um corte de R$ 29,5 bilhões na projeção de receitas líquidas, o valor ainda parece elevado para o economista. Isso ocorre porque o crescimento econômico esperado pelo governo é maior do que o projetado pelo mercado.
A expansão econômica interfere diretamente na arrecadação de impostos.
A consultoria também aposta que os juros seguirão em queda este ano, como acredita a maior parte do mercado, mas vão subir em 2013. A razão é que, mesmo com o corte anunciado, o gasto público vai crescer este ano 11,6% em termos nominais, ou 5,8% reais, em relação a 2011.
Juros.
Segundo explicou Salto, a mudança na trajetória dos juros será necessária para conter as pressões inflacionárias alimentadas pelo gasto público. "É um superávit de má qualidade, com investimento baixo e despesa corrente alta", comentou.
Assim, o juro médio de 2013 será de 11,1%, ante 9,7% deste ano.
O consultor Raul Velloso também tem dúvidas quanto à queda de R$ 7,7 bilhões nas despesas com benefícios previdenciários. "Se a conta estiver errada, a variável de ajuste será novamente o investimento", afirmou. "O governo só escapa disso se a receita bombar."
O ajuste de R$ 55 bilhões não pode ser considerado baixo porque em 2012 a economia está num ritmo mais lento do que o do ano passado, observou o professor José Ricardo da Costa e Silva, do IBMEC-DF.
Será um ajuste mais difícil do que o do ano passado, segundo avaliou.
LU AIKO OTTA O Estado de S. Paulo
O mercado financeiro manteve a aposta de que a taxa de juros continuará em queda neste ano, num sinal de que o cumprimento da meta fiscal é considerado factível. Isso não quer dizer, porém, que os economistas acreditaram em tudo o que o governo anunciou.
"No ano passado, o governo disse que ia economizar R$ 2 bilhões em despesas do INSS, mas na verdade ele gastou R$ 5 bilhões mais do que o previsto", comentou o economista Mansueto Almeida.
"Como acreditar agora num corte de R$ 7,7 bilhões num ano que tem um aumento brutal do salário mínimo?"
Ele acha que o governo até pode fechar o ano com uma redução de gastos de R$ 55 bilhões, mas isso pode não significar uma economia efetiva.
Isso porque o pagamento de algumas despesas pode ser adiado para o ano que vem, na forma de restos a pagar.
Só em janeiro deste ano foram quitados R$ 8,8 bilhões em restos a pagar de despesas de custeio. Em janeiro de 2011, foram R$ 5 bilhões.
"Para mim, o corte anunciado poderia ser de R$ 55 bilhões, R$ 60 bilhões ou R$ 65 bilhões que não faria muita diferença."
Dúvidas quanto às projeções feitas pelo governo também levaram a consultoria Tendências a manter sua previsão de que o superávit primário deste ano será de 2,6% do PIB, e não os 3,1% prometidos pelo governo.
"Como ainda tem muita coisa nebulosa, a gente prefere ser conservador e manter uma projeção mais contida", disse o economista Felipe Salto.
Ele tem dúvida, por exemplo, quanto à arrecadação. Mesmo com um corte de R$ 29,5 bilhões na projeção de receitas líquidas, o valor ainda parece elevado para o economista. Isso ocorre porque o crescimento econômico esperado pelo governo é maior do que o projetado pelo mercado.
A expansão econômica interfere diretamente na arrecadação de impostos.
A consultoria também aposta que os juros seguirão em queda este ano, como acredita a maior parte do mercado, mas vão subir em 2013. A razão é que, mesmo com o corte anunciado, o gasto público vai crescer este ano 11,6% em termos nominais, ou 5,8% reais, em relação a 2011.
Juros.
Segundo explicou Salto, a mudança na trajetória dos juros será necessária para conter as pressões inflacionárias alimentadas pelo gasto público. "É um superávit de má qualidade, com investimento baixo e despesa corrente alta", comentou.
Assim, o juro médio de 2013 será de 11,1%, ante 9,7% deste ano.
O consultor Raul Velloso também tem dúvidas quanto à queda de R$ 7,7 bilhões nas despesas com benefícios previdenciários. "Se a conta estiver errada, a variável de ajuste será novamente o investimento", afirmou. "O governo só escapa disso se a receita bombar."
O ajuste de R$ 55 bilhões não pode ser considerado baixo porque em 2012 a economia está num ritmo mais lento do que o do ano passado, observou o professor José Ricardo da Costa e Silva, do IBMEC-DF.
Será um ajuste mais difícil do que o do ano passado, segundo avaliou.
LU AIKO OTTA O Estado de S. Paulo
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