Festa que não tem penetra é ruim, reza o dito popular. Logo, podemos supor que os rega-bofes da Câmara Legislativa são péssimos. Entra mandato e sai mandato, o cidadão continua a olhar pelo buraco da fechadura a farra dos distritais, apesar de ser ele, o cidadão, quem paga do próprio bolso a festança deles.
O eleitor mesmo só seria convidado ou só conseguiria entrar se fosse para fazer o papel de bobo da corte, que tem lhe caído tão bem há algumas décadas — pelo menos, é com isso que os nobres deputados contam.
Não há nenhuma justificativa convincente, ou ao menos decente, para o pagamento de 14 ou 15 salários para os parlamentares – convém deixar claro que 16 dos 24 distritais em exercício aceitaram a benesse. A deputada Celina Leão diz que não é hipócrita e que o dinheiro serve muito bem ao seu mandato. Não duvido.
O dinheiro pode servir a interesses diversos, mas quando ele é público, deveria servir somente ao interesse público, coisa aliás que a deputada Celina e os outros que embolsaram a grana extra parecem não ter a mínima ideia do que seja.
Até porque a Câmara já provém os mandatos com altos salários, inúmeras verbas destinadas a gabinete, a pessoal, material e tudo o mais que o deputados sonhar.
Na falta de ideia melhor do que rechear o próprio bolso, os distritais poderiam olhar para o outro, o próximo, o cidadão, o seu eleitor, a sua cidade e – por que não? – para a sua própria consciência.
O lógico e o justo seria investir esses R$ 961 mil anuais, gastos com o benefício de salários extras a deputados distritais, em obras, serviços e projetos prioritários para a população e para Brasília, capital tão maltratada por políticos que, quando não pecam pela corrupção, lesam a capital pela omissão e pela ganância.
Soa como deboche, um verdadeiro escárnio, a maneira como protelam a votação do projeto, engavetado desde 2009, que acaba com esses pagamentos esdrúxulos.
É esse tipo de atitude que faz o cidadão brasiliense por em xeque a autonomia política do Distrito Federal, conquista que não deve nem pode nunca ser questionada.
O que sinceramente espero é que tenhamos memória pródiga o suficiente para fixar nomes, sobrenomes, números e caras daqueles que só se lembram da população na hora de pedir votos.
Ana Dubeux Correio Braziliense
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