Em uma guinada inesperada pela Embraer, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) cancelou na tarde desta terça-feira, 28, sua decisão de comprar 20 aviões A-29 Super Tucano, a serem destinados ao front no Afeganistão.
O valor desse contrato, ainda não assinado, alcançaria US$ 355 milhões. Embora justificada por "problemas de documentação", a decisão foi motivada sobretudo pela pressão da oposição republicana e de políticos do Estado do Kansas, onde está instalada a sede da Hawker Beechcraft, a rival americana da Embraer.
"Apesar de buscarmos a perfeição, nós às vezes não atingimos nosso objetivo. E quando isso acontece, temos de adotar medidas de correção", afirmou o secretário da USAF, Michael Donley, por meio de um comunicado.
"Dado que a compra ainda está em litígio, eu somente posso dizer que o principal executivo responsável pelas aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que definiu o vencedor".
De acordo com a USAF, o diretor da área de equipamentos, Donald Hoffmann, determinou a abertura de uma investigação sobre o processo de licitação.
A porta-voz da Força Aérea, Jennifer Cassidy afirmou não saber quando o processo de compra será retomado. Tampouco detalhou as razões do cancelamento.
Apelação
Em janeiro, a Hawker contestou na Corte Federal de Apelação a decisão da Força Aérea americana de desqualificá-la na licitação para a compra de caças leves, tomada no mês anterior.
Única concorrente, a Embraer foi declarada vitoriosa.
A decisão judicial era esperada entre o final de fevereiro e o início de março sem causar preocupação para a empresa brasileira. Segundo um alto executivo da Embraer, a escolha da USAF se mostrara consistente com as exigências da licitação, e os argumentos da Hawker eram "frágeis".
Além da Embraer, o Itamaraty e o Departamento de Estado consideravam uma questão de semanas a emissão de um parecer positivo a esse negócio pela Justiça americana.
A dissipação da incerteza na esfera judicial daria maior fôlego para a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, no próximo dia 9.
Embora não estivesse entre os temas de discussão das equipes de Dilma e de Barack Obama, presidente dos EUA, o futuro contrato da USAF com a Embraer seria tomado como um exemplo da iniciativa da Casa Branca de atrair investimentos brasileiros capazes de gerar empregos em solo americano.
A Embraer estava por decidir pela ampliação de suas instalações na Flórida, de forma a adequá-la à exigência de produção dos aviões nos EUA, ou pela montagem na planta de sua parceira nessa empreitada, a americana Sierra Nevada Corporation.
Também alimentava a expectativa de ver a compra elevada a 55 unidades, em valor equivalente a US$ 950 milhões, e de receber encomendas de outros parceiros dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Desde a escolha da Embraer, oficializada em 30 de dezembro passado, a decisão da Força Aérea tem sido criticada duramente por políticos e tornou-se fonte de atritos entre os governos da Flórida e do Kansas.
A derrota da Hawker Beechcraft significaria a perda de empregos em Wichita, Kansas, cidade em risco de ver sua fábrica da Boeing fechada. A opção da USAF pela Embraer havia se tornado também munição eleitoral contra o presidente Barack Obama.
O pré-candidato republicano Newt Gingrich criticara pelo menos duas vezes a escolha dos aviões da Embraer.
Em comunicado, o deputado federal Mike Pompeo, republicano de Kansas, afirmou ter chamado a atenção para o fato de "algo não cheirar bem" nessa licitação.
"Estou contente por ter seguido os meus instintos e lutado pela Hawker Beechcraft e pelos empregos que ela gera em Kansas. Eu aplaudo a USAF por ter, finalmente, começado a eliminar esse véu de sigilo", afirmou.
Denise Chrispim Marin, de Washington
O valor desse contrato, ainda não assinado, alcançaria US$ 355 milhões. Embora justificada por "problemas de documentação", a decisão foi motivada sobretudo pela pressão da oposição republicana e de políticos do Estado do Kansas, onde está instalada a sede da Hawker Beechcraft, a rival americana da Embraer.
"Apesar de buscarmos a perfeição, nós às vezes não atingimos nosso objetivo. E quando isso acontece, temos de adotar medidas de correção", afirmou o secretário da USAF, Michael Donley, por meio de um comunicado.
"Dado que a compra ainda está em litígio, eu somente posso dizer que o principal executivo responsável pelas aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que definiu o vencedor".
De acordo com a USAF, o diretor da área de equipamentos, Donald Hoffmann, determinou a abertura de uma investigação sobre o processo de licitação.
A porta-voz da Força Aérea, Jennifer Cassidy afirmou não saber quando o processo de compra será retomado. Tampouco detalhou as razões do cancelamento.
Apelação
Em janeiro, a Hawker contestou na Corte Federal de Apelação a decisão da Força Aérea americana de desqualificá-la na licitação para a compra de caças leves, tomada no mês anterior.
Única concorrente, a Embraer foi declarada vitoriosa.
A decisão judicial era esperada entre o final de fevereiro e o início de março sem causar preocupação para a empresa brasileira. Segundo um alto executivo da Embraer, a escolha da USAF se mostrara consistente com as exigências da licitação, e os argumentos da Hawker eram "frágeis".
Além da Embraer, o Itamaraty e o Departamento de Estado consideravam uma questão de semanas a emissão de um parecer positivo a esse negócio pela Justiça americana.
A dissipação da incerteza na esfera judicial daria maior fôlego para a visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, no próximo dia 9.
Embora não estivesse entre os temas de discussão das equipes de Dilma e de Barack Obama, presidente dos EUA, o futuro contrato da USAF com a Embraer seria tomado como um exemplo da iniciativa da Casa Branca de atrair investimentos brasileiros capazes de gerar empregos em solo americano.
A Embraer estava por decidir pela ampliação de suas instalações na Flórida, de forma a adequá-la à exigência de produção dos aviões nos EUA, ou pela montagem na planta de sua parceira nessa empreitada, a americana Sierra Nevada Corporation.
Também alimentava a expectativa de ver a compra elevada a 55 unidades, em valor equivalente a US$ 950 milhões, e de receber encomendas de outros parceiros dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Desde a escolha da Embraer, oficializada em 30 de dezembro passado, a decisão da Força Aérea tem sido criticada duramente por políticos e tornou-se fonte de atritos entre os governos da Flórida e do Kansas.
A derrota da Hawker Beechcraft significaria a perda de empregos em Wichita, Kansas, cidade em risco de ver sua fábrica da Boeing fechada. A opção da USAF pela Embraer havia se tornado também munição eleitoral contra o presidente Barack Obama.
O pré-candidato republicano Newt Gingrich criticara pelo menos duas vezes a escolha dos aviões da Embraer.
Em comunicado, o deputado federal Mike Pompeo, republicano de Kansas, afirmou ter chamado a atenção para o fato de "algo não cheirar bem" nessa licitação.
"Estou contente por ter seguido os meus instintos e lutado pela Hawker Beechcraft e pelos empregos que ela gera em Kansas. Eu aplaudo a USAF por ter, finalmente, começado a eliminar esse véu de sigilo", afirmou.
Denise Chrispim Marin, de Washington
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