O valor recorde representa 5,72% do Produto Interno Bruto (PIB) e foi quase cinco vezes maior que a quantia gasta em investimentos no mesmo período.
A soma seria suficiente para financiar, por dia, mais de 9,9 mil casas populares pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
O peso dos juros levou o setor público consolidado — formado pelo governo central, estados, municípios e estatais — a fechar 2011 com um rombo nas contas públicas de R$ 107,9 bilhões, 15,2% maior do que em 2010 e equivalente a 2,61% do PIB.
Apesar do deficit, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, considerou o resultado positivo.
"Já sabíamos que a conta de juros seria elevada, refletindo a inflação mais forte e uma taxa média (Selic) mais alta ao longo do ano", afirmou.
Maciel chamou a atenção para o cumprimento da meta de superavit primário (economia feita para o pagamento da dívida) no ano passado, o que, em sua opinião, reflete um bom desempenho fiscal.
O governo poupou R$ 128,7 bilhões (3,11% do PIB), ante R$ 127,9 bilhões estipulados no Orçamento de 2011. "Alcançamos, com uma folga de R$ 800 milhões, uma meta que foi ampliada no meio do ano", ressaltou.
Qualidade
O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Nilton Rosa, reconhece que o cumprimento da meta foi positivo, mas lembra que ele só foi feito com a retenção de investimentos e em um ano de avanço na arrecadação de impostos.
"É bom. Foi o primeiro ano de esforço fiscal depois de vários de frouxidão, mas a qualidade desse superavit precisa ser melhorada, com cortes no custeio da máquina", ponderou.
Para Maurício Oreng, analista do Banco Itaú, o resultado apresentado em dezembro — de R$ 1,9 bilhão — mostra que o governo acelerou os gastos no apagar das luzes de 2011. Em outubro e novembro, a economia primária foi de R$ 13,9 bilhões e R$ 8,2 bilhões, respectivamente.
"A opção foi de não fazer uma poupança adicional à meta de superavit primário. Acreditamos que a política fiscal acabará sendo mais expansionista em 2012", comentou.
GABRIEL CAPRIOLI Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário