"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 06, 2012

O despreparo que agrava as tragédias? NÃO! NO "PUDER" NÃO EXISTE MAIS ESPÍRITO PÚBLICO, CARÁTER, PROBIDADE E HONRADEZ, SÓ A POLÍTICA SÓRDIDA.


O espírito de uma Federação reside numa cadeia de responsabilidades que, embora assegurem a autonomia e a independência de cada ente, equilibra a União, os estados e os municípios na direção do mesmo barco que conduzirá ao desenvolvimento nacional e ao bem-estar da população.

A fórmula para a condução concatenada e firme do leme no rumo certo é o segredo dos grandes estadistas. Dos que não têm a bússola, não se espera saída original. Flagrados na desídia, não titubeiam em transferir a culpa a outra parte.


É o caso da concentração de recursos federais em uma ou outra unidade federativa, em geral a terra natal ou o domicílio eleitoral do ministro da pasta.

Fernando Bezerra, da Integração Nacional, não falhou ao destinar R$ 70 milhões para a construção de usinas na Bacia do Uno, em Pernambuco, atingida por desastre que alagou 41 municípios, atingiu 80 mil pessoas e desabrigou 18 mil famílias. Socorrer a região era obrigação irrefutável.

Mas não há justificativa plausível para a destinação aos pernambucanos de 45% das verbas destinadas à prevenção em todo o país, quando o Sudeste padece sob chuvas torrenciais e o Sul, sob seca inclemente.


Autoridades costumam usar a desqualificação técnica das prefeituras para se inocentarem diante de suspeitas de fazerem política paroquial. A história lhes fornece farta documentação para embasar a desculpa.

Prefeitos são facilmente vistos em Brasília de pires na mão e nenhum projeto nas pastas executivas que os acompanham nas viagens. Nas raras oportunidades em que se apresentam municiados, em geral, não trazem mais que cartas de intenções, sem critérios mínimos que os capacitem a concorrer aos recursos disponíveis.


Há, portanto, sério entrave a ser removido.
Se falta qualificação aos administradores municipais, a solução óbvia é fornecer-lhes assessoria.

Essa é missão a ser desincumbida pelos partidos políticos (as agremiações poderiam começar por checar a habilidade dos candidatos e prepará-los, antes de homologá-los), pelas entidades representativas dos municípios (associações, federações e confederação) e pelos governos estaduais e federal.


Não basta fornecer cartilhas e dispor estandes e postos de atendimento para tirar dúvidas em encontros eventuais em Brasília. Tampouco se revela suficiente a oferta, em portal do Ministério do Planejamento, de programas de computador voltados à administração municipal que podem ser baixados gratuitamente.

Mais próximos do cotidiano das pessoas, os prefeitos precisam aprender rápido a transpor para projetos viáveis os anseios das populações.

Quanto ao governo federal, cabe abandonar a velha cantilena da transferência de culpa e estruturar melhor órgãos e programas para que recursos não morram nos cofres públicos enquanto cidadãos são soterrados, levados por enchentes, privados de entes queridos, casas e outros bens.


Visão do Correio ::O despreparo que agrava as tragédias
Correio Braziliense

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