Reportagem do jornal Valor (25/1) não deixa dúvidas de que, das 46 obras de transporte urbano projetadas para atender o público que assistirá aos jogos da Copa do Mundo, poucas estarão prontas a tempo.
O problema vem preocupando os dirigentes esportivos internacionais, que fazem seguidas cobranças públicas às autoridades brasileiras - sem resultados aparentes.
Principal agente financeiro desses empreendimentos, a Caixa Econômica Federal reservou R$ 5,3 bilhões para emprestar aos Estados e municípios que sediarão jogos da Copa.
Mas, como mostrou o Valor, a menos de 30 meses do início da competição, a Caixa liberou apenas R$ 194 milhões, ou 3,7% do que já poderia ter liberado.
Das dezenas de projetos, poucos saíram do papel.
Definidas pelo governo como ações de mobilidade urbana nas 12 cidades que sediarão jogos da Copa, essas obras envolvem melhoria do sistema viário e construção e operação de novos sistemas de transporte de passageiros, como veículos leves sobre trilhos (VLT) e transporte rápido por ônibus, ao custo estimado de R$ 13,5 bilhões.
Elas se destinam também a facilitar a movimentação da população dessas cidades. Há dois anos, preocupado com o atraso dos preparativos para a competição, o governo federal, em parceria com os governos dos Estados e as prefeituras dos municípios onde haverá jogos, montou o que ficou conhecido como matriz de responsabilidades, com a definição das atribuições de cada instância de governo e cronogramas.
Em setembro do ano passado, como persistiam atrasos e indecisões, a matriz foi revisada, com novos prazos e atribuições. De lá para cá, porém, muito pouca coisa avançou. Pelo menos 19 obras que deveriam ter avançado de setembro para cá continuam sem cumprir o cronograma, como mostrou o Valor.
Pedidos de financiamento feitos à CEF vêm acompanhados de projetos de má qualidade, o que impede a aprovação.
Em alguns casos, as autoridades locais ou regionais alteraram os projetos iniciais, optando por outros mais complexos e mais caros, o que comprometeu prazos e a obtenção da indispensável aprovação das autoridades da área ambiental.
Em outros casos, os governos nada têm feito.
"O tempo está passando e não vai dar tempo para fazer muita coisa", admitiu o presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia em São Paulo, José Roberto Bernasconi.
"Podemos acelerar obras absolutamente cruciais e realizar operações especiais, mas isso não é muito mais do que gambiarra, diante do que deveríamos ter."
Eis aí um resumo de como o poder público está preparando o País para a Copa: com gambiarras, com medidas improvisadas, com soluções provisórias. Casos descritos na reportagem citada do jornal Valor não deixam dúvidas quanto à ineficiência da ação das autoridades.
Caso exemplar é o do contrato para a construção do VLT de Brasília, com 22,6 quilômetros de extensão e 25 estações, assinado há três anos.
O projeto foi dividido em três etapas, a primeira das quais talvez - não é certo - seja concluída até 2014. Por interferir na estrutura urbana de Brasília, o projeto vem sendo questionado na Justiça.
Além disso, o contrato assinado em 2009, de R$ 1,5 bilhão, foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, por suspeita de fraude. Do pouco que se conseguiu realizar - menos de 3% das obras -, boa parte está enferrujando.
Outro exemplo apontado pelo Valor é o das obras do monotrilho de Manaus, com 20,2 quilômetros de extensão, que deveriam ter começado em novembro passado, para estarem prontas até a Copa.
Irregularidades identificadas pela Controladoria-Geral da União e pelo Ministério Público Federal, no entanto, impediram a aprovação do financiamento, sem o qual não haverá interessados na execução da obra.
Em Salvador e Cuiabá, o projeto inicial de BRT, que já tinha financiamento contratado, foi substituído por outros pelas autoridades locais.
Dos demais projetos de mobilidade urbana inscritos na matriz de responsabilidade, 6 cumprem parcialmente o cronograma, 14 estão dentro do prazo e 7 já estão com as obras em andamento.
O Estado de S. Paulo
O problema vem preocupando os dirigentes esportivos internacionais, que fazem seguidas cobranças públicas às autoridades brasileiras - sem resultados aparentes.
Principal agente financeiro desses empreendimentos, a Caixa Econômica Federal reservou R$ 5,3 bilhões para emprestar aos Estados e municípios que sediarão jogos da Copa.
Mas, como mostrou o Valor, a menos de 30 meses do início da competição, a Caixa liberou apenas R$ 194 milhões, ou 3,7% do que já poderia ter liberado.
Das dezenas de projetos, poucos saíram do papel.
Definidas pelo governo como ações de mobilidade urbana nas 12 cidades que sediarão jogos da Copa, essas obras envolvem melhoria do sistema viário e construção e operação de novos sistemas de transporte de passageiros, como veículos leves sobre trilhos (VLT) e transporte rápido por ônibus, ao custo estimado de R$ 13,5 bilhões.
Elas se destinam também a facilitar a movimentação da população dessas cidades. Há dois anos, preocupado com o atraso dos preparativos para a competição, o governo federal, em parceria com os governos dos Estados e as prefeituras dos municípios onde haverá jogos, montou o que ficou conhecido como matriz de responsabilidades, com a definição das atribuições de cada instância de governo e cronogramas.
Em setembro do ano passado, como persistiam atrasos e indecisões, a matriz foi revisada, com novos prazos e atribuições. De lá para cá, porém, muito pouca coisa avançou. Pelo menos 19 obras que deveriam ter avançado de setembro para cá continuam sem cumprir o cronograma, como mostrou o Valor.
Pedidos de financiamento feitos à CEF vêm acompanhados de projetos de má qualidade, o que impede a aprovação.
Em alguns casos, as autoridades locais ou regionais alteraram os projetos iniciais, optando por outros mais complexos e mais caros, o que comprometeu prazos e a obtenção da indispensável aprovação das autoridades da área ambiental.
Em outros casos, os governos nada têm feito.
"O tempo está passando e não vai dar tempo para fazer muita coisa", admitiu o presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia em São Paulo, José Roberto Bernasconi.
"Podemos acelerar obras absolutamente cruciais e realizar operações especiais, mas isso não é muito mais do que gambiarra, diante do que deveríamos ter."
Eis aí um resumo de como o poder público está preparando o País para a Copa: com gambiarras, com medidas improvisadas, com soluções provisórias. Casos descritos na reportagem citada do jornal Valor não deixam dúvidas quanto à ineficiência da ação das autoridades.
Caso exemplar é o do contrato para a construção do VLT de Brasília, com 22,6 quilômetros de extensão e 25 estações, assinado há três anos.
O projeto foi dividido em três etapas, a primeira das quais talvez - não é certo - seja concluída até 2014. Por interferir na estrutura urbana de Brasília, o projeto vem sendo questionado na Justiça.
Além disso, o contrato assinado em 2009, de R$ 1,5 bilhão, foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, por suspeita de fraude. Do pouco que se conseguiu realizar - menos de 3% das obras -, boa parte está enferrujando.
Outro exemplo apontado pelo Valor é o das obras do monotrilho de Manaus, com 20,2 quilômetros de extensão, que deveriam ter começado em novembro passado, para estarem prontas até a Copa.
Irregularidades identificadas pela Controladoria-Geral da União e pelo Ministério Público Federal, no entanto, impediram a aprovação do financiamento, sem o qual não haverá interessados na execução da obra.
Em Salvador e Cuiabá, o projeto inicial de BRT, que já tinha financiamento contratado, foi substituído por outros pelas autoridades locais.
Dos demais projetos de mobilidade urbana inscritos na matriz de responsabilidade, 6 cumprem parcialmente o cronograma, 14 estão dentro do prazo e 7 já estão com as obras em andamento.
O Estado de S. Paulo
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