O Brasil é o país dos Brics mais dependente dos frágeis bancos europeus - com operações de mais de US$ 400 bilhões -, num momento em que a crise seca os créditos internacionais e em que o País tem mais dificuldades em captar recursos no exterior.
Os dados são do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que, em relatório, apontou ontem que a crise financeira, embora tenha epicentro na Europa, já é global e contamina todas as regiões emergentes.
De acordo com o BIS, as instituições financeiras brasileiras reduziram seus empréstimos, e as emissões realizadas pelo País despencaram nos últimos meses.
O banco registra também que as economias emergentes já tiveram uma fuga de US$ 25 bilhões em dois meses, diante de investidores europeus repatriando recursos para fazer frente à crise no Velho Continente.
No terceiro trimestre de 2011, a deterioração do mercado internacional fez a captação brasileira em emissões cair de forma brusca.
Foram apenas US$ 2 bilhões, contra mais de US$ 13 bilhões no segundo trimestre. Em 2010, esse valor chegou a US$ 26,7 bilhões.
O País segue a tendência mundial, que registrou a maior redução de emissões desde 1998. O cenário internacional acabou com a série de dois anos de forte captação para os emergentes por conta dos altos spreads. Na Ásia, a taxa de emissão caiu pela metade.
Bancos europeus tiveram dificuldades em emitir e o setor industrial mundial captou apenas US$ 70 bilhões, o menor volume em três anos. Os únicos a ganhar foram os alemães, captando US$ 47 bilhões.
Longe de ser um fenômeno apenas europeu, o BIS constata que a crise econômica já tem "implicações macroeconômicas dentro e fora da Europa", atingindo os mercados emergentes. O primeiro sinal foi a fuga de investidores para papéis de Tesouros de maior qualidade.
A aversão ao risco fez fundos optarem por papéis com classificação de risco AAA. Outro fenômeno foi o repatriamento de recursos de investidores europeus, diante das perdas sofridas em seus mercados de origem.
"Investidores retiraram mais de US$ 25 bilhões de fundos nos mercados emergentes em agosto e setembro, principalmente de fundos de ações", afirmou o BIS.
No mesmo período, a União Europeia recebeu 85 bilhões, num sinal de que a fuga de emergentes foi de fato promovida por europeus repatriando recursos para fazer frente à crise.
Uma das repercussões foi a pressão para baixo exercida em moedas como a do Brasil. O valor das ações ainda caiu bruscamente nos emergentes, superando as perdas nos países ricos.
Exposição. Para o Brasil, o que mais preocupa analistas é que o País tem uma forte dependência de créditos de bancos estrangeiros.
Essas operações de financiamento chegam a US$ 586 bilhões, a maior parte exatamente com bancos europeus. Segundo dados do BIS, a exposição desses bancos no Brasil seria de US$ 416 bilhões.
A maior proporção dessas operações está sobre os bancos espanhóis, o grupo considerado como o mais frágil hoje na Europa. O BIS acredita que esse efeito pode ser amortizado, porém, pelo fato de que as sucursais de bancos espanhóis no Brasil estão dando créditos com base em seus próprios recursos locais.
Mas, com uma exposição da ordem de US$ 210 bilhões nos bancos espanhóis, analistas consideram que o Brasil dificilmente ficará imune.
Hoje, o Brasil demonstra mais dependência dos bancos europeus que países como Irlanda, Grécia, Polônia, Portugal ou Suíça.
A exposição do Brasil às instituições financeiras europeias é ainda a maior entre os Brics.
Bancos europeus, por exemplo, contam com créditos de US$ 300 bilhões na China e inferiores a US$ 200 bilhões na Índia - e mesmo na Rússia, mercado vizinho.
Outro fator que preocupa é que 30% do dinheiro de curto prazo no Brasil é de origem europeia. Assim como entram rapidamente podem também deixar o Brasil no curto prazo
JAMIL CHADE O Estado de S. Paulo
Os dados são do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que, em relatório, apontou ontem que a crise financeira, embora tenha epicentro na Europa, já é global e contamina todas as regiões emergentes.
De acordo com o BIS, as instituições financeiras brasileiras reduziram seus empréstimos, e as emissões realizadas pelo País despencaram nos últimos meses.
O banco registra também que as economias emergentes já tiveram uma fuga de US$ 25 bilhões em dois meses, diante de investidores europeus repatriando recursos para fazer frente à crise no Velho Continente.
No terceiro trimestre de 2011, a deterioração do mercado internacional fez a captação brasileira em emissões cair de forma brusca.
Foram apenas US$ 2 bilhões, contra mais de US$ 13 bilhões no segundo trimestre. Em 2010, esse valor chegou a US$ 26,7 bilhões.
O País segue a tendência mundial, que registrou a maior redução de emissões desde 1998. O cenário internacional acabou com a série de dois anos de forte captação para os emergentes por conta dos altos spreads. Na Ásia, a taxa de emissão caiu pela metade.
Bancos europeus tiveram dificuldades em emitir e o setor industrial mundial captou apenas US$ 70 bilhões, o menor volume em três anos. Os únicos a ganhar foram os alemães, captando US$ 47 bilhões.
Longe de ser um fenômeno apenas europeu, o BIS constata que a crise econômica já tem "implicações macroeconômicas dentro e fora da Europa", atingindo os mercados emergentes. O primeiro sinal foi a fuga de investidores para papéis de Tesouros de maior qualidade.
A aversão ao risco fez fundos optarem por papéis com classificação de risco AAA. Outro fenômeno foi o repatriamento de recursos de investidores europeus, diante das perdas sofridas em seus mercados de origem.
"Investidores retiraram mais de US$ 25 bilhões de fundos nos mercados emergentes em agosto e setembro, principalmente de fundos de ações", afirmou o BIS.
No mesmo período, a União Europeia recebeu 85 bilhões, num sinal de que a fuga de emergentes foi de fato promovida por europeus repatriando recursos para fazer frente à crise.
Uma das repercussões foi a pressão para baixo exercida em moedas como a do Brasil. O valor das ações ainda caiu bruscamente nos emergentes, superando as perdas nos países ricos.
Exposição. Para o Brasil, o que mais preocupa analistas é que o País tem uma forte dependência de créditos de bancos estrangeiros.
Essas operações de financiamento chegam a US$ 586 bilhões, a maior parte exatamente com bancos europeus. Segundo dados do BIS, a exposição desses bancos no Brasil seria de US$ 416 bilhões.
A maior proporção dessas operações está sobre os bancos espanhóis, o grupo considerado como o mais frágil hoje na Europa. O BIS acredita que esse efeito pode ser amortizado, porém, pelo fato de que as sucursais de bancos espanhóis no Brasil estão dando créditos com base em seus próprios recursos locais.
Mas, com uma exposição da ordem de US$ 210 bilhões nos bancos espanhóis, analistas consideram que o Brasil dificilmente ficará imune.
Hoje, o Brasil demonstra mais dependência dos bancos europeus que países como Irlanda, Grécia, Polônia, Portugal ou Suíça.
A exposição do Brasil às instituições financeiras europeias é ainda a maior entre os Brics.
Bancos europeus, por exemplo, contam com créditos de US$ 300 bilhões na China e inferiores a US$ 200 bilhões na Índia - e mesmo na Rússia, mercado vizinho.
Outro fator que preocupa é que 30% do dinheiro de curto prazo no Brasil é de origem europeia. Assim como entram rapidamente podem também deixar o Brasil no curto prazo
JAMIL CHADE O Estado de S. Paulo
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