"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 30, 2011

POLÍTICA PIRATA DOS INTOCÁVEIS.


Depois que o guru deu o sinal, os cascas-grossas resolveram ir à forra sem medo de ser feliz.

Movimento pela ética na política?

"Ah, isso é coisa de recalcados", dirão os revolucionários.

Para mostrar à sociedade que não adianta cobrar seriedade, deputados federais desdenharam da manifestação contra a impunidade, quarta-feira, na porta do Congresso, e simplesmente decidiram livrar o impoluto Valdemar Costa Neto (PR-SP), um dos réus no escândalo do mensalão, de novo processo.

Ele é acusado de uma penca de crimes, que vão da "percepção de vantagens indevidas" (a popular cobrança de propina) a superfaturamento no preço de obras, mas os colegas da Comissão de Ética da Câmara (por 16 votos a dois — não é piada!) decidiram ignorar tudo isso.


Corrupção?
Ora essa!
Valdemar é um santo.

Errada deve estar a presidente Dilma, que, depois das denúncias da imprensa golpista, pôs na rua um bando de capachos do chefão do PR — e disse que não compactuaria com os malfeitos.

Quantos ainda vão morrer nas armadilhas das rodovias para que o brasileiro, apesar de todas as bolsas, tome consciência de que não deve continuar reelegendo essa gente que rouba o dinheiro das estradas?
Quantas vidas vão se perder por causa do descaso com os hospitais públicos?

Talvez seja por isso que, em vez de educar as crianças, essa gente prefira mantê-las no estágio do "nós pega o peixe".
Quanto mais escolas sucateadas e eleitores desse nível, maior a chance de um canudo doutor honores causa em Paris.


Vale ressaltar, e como vale, que nunca antes na história deste país houve distribuição de renda como ocorre hoje. Tanto para banqueiros e empresários, como para o povo que vive na parte mais inferior da pirâmide.

Mas também vale destacar que os larápios de plantão nunca foram tão felizes e certos da impunidade.

A situação é tão vexatória que chegamos ao ponto de o insuspeito deputado Paulo Maluf (PP-SP), com muita propriedade, dizer que não há necessidade de um novo imposto para financiar a saúde.

"É só acabarmos com as bandalheiras", ensinou.

E tenham certeza:
ele sabe o que diz.

Plácido Fernandes Vieira Correio Braziliense

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