"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 17, 2011

MOVIMENTOS "SOCIAIS" : VERBAS E APATIA CRESCENTES, "PARA O BRASIL SEGUIR MUDANDO".


NDIGNAÇÃO EM FALTA
Letargia de entidades estudantis e sindicais coincide com o aumento dos repasses que recebem do governo federal

A apatia dos movimentos sociais, de trabalhadores e estudantes, em relação à corrupção coincide com um aumento substancial dos repasses de recursos federais para entidades que representam esses segmentos.

Em 2010, somados, os recursos transferidos às centrais sindicais por meio do imposto sindical e os repasses do Orçamento federal para entidades que executam programas de qualificação chegaram a R$264 milhões.


Desde 2008, com a vigência da lei que incluiu as centrais no rateio do bolo da contribuição sindical - iniciativa do governo Lula -, essas entidades já abocanharam R$246 milhões em recursos. Só no ano passado foram R$102 milhões, sem necessidade de prestar contas do uso do dinheiro.

Já os repasses do Orçamento a entidades sociais, de trabalhadores e de estudantes crescem a cada ano. E a qualificação é um dos principais motes para essas transferências.
Entre 2007 e 2010, houve aumento de 91,7% no repasse desses recursos, que passaram de R$80,6 milhões para R$154,6 milhões.


Cláudio Abramo, diretor- executivo da Transparência Brasil, ONG que se dedica ao combate à corrupção, crê que há relação entre os repasses de recursos federais às entidades do terceiro setor, de trabalhadores e de estudantes, e a falta de entusiasmo desses setores em erguer bandeiras com críticas ao governo.

- Certamente, há uma relação. Uma boa parte dessas entidades existe para conduzir alguma espécie de política pública. Não se pode esperar que essas entidades sejam críticas em relação ao Estado - afirma.

Abramo diz que pode contar nos dedos de uma mão o número de entidades que se dedicam ao monitoramente do Estado e do uso dos recursos públicos.

- Quem deveria estar trabalhando não está. Há muito dinheiro repassado, e as entidades ou são dependentes ou são inativas - destaca.

Um exemplo de alinhamento dos movimentos estudantis com o governo federal encontra-se na estrutura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (Umes), que afirma representar três milhões de alunos do ensino médio.

Em 2010, a Umes recebeu R$2,9 milhões do Ministério do Turismo, por meio de convênios para a promoção de cursos de capacitação profissional.

A contrapartida política aparece no site da entidade :

"O governo federal tem tomado diversas medidas que estão permitindo o avanço e o crescimento do Brasil. As condições de emprego melhoraram, o Bolsa Família tirou muita gente da miséria absoluta", diz carta da presidente Ana Letícia Oliveira Barbosa.

Entre as bandeiras da Umes, a Educação está em segundo lugar.
Em primeiro, aparece a conjuntura nacional, com destaque para movimentos como

"O Pré-sal É Nosso. Leil
ão É Privatização!".

Regina Alvarez e Roberto Maltchik O Globo

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