"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 27, 2011

GASOLINA IMPORTADA : PETROBRAS JÁ PERDEU R$125 MILHÕES.

A Petrobras paga, em média, R$ 1,35 pela gasolina importada (litro), mas a vende para as distribuidoras (preço na refinaria) mais barato, por R$ 1,05. Ou seja, perde R$ 0,30 a cada litro de gasolina que importa.

Como foram comprados até junho deste ano quase 2,6 milhões de barris - mais de 413 milhões de litros, a empresa já perdeu R$ 125,59 milhões com importação de gasolina.


Esses cálculos foram feitos exclusivamente para o blog por Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que trabalhou com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

No ano passado, como o preço da gasolina importada era parecido com o vendido nas refinarias, as perdas foram bem menores: ficaram em R$ 700,1 mil (ano de 2010 fechado).

Quando comparamos com os R$ 125,59 milhões alcançados até junho, isso representa um aumento de 17.838,58%.


A Petrobras está importando gasolina para dar conta do aumento do consumo, que cresceu 19% em 2010 e só no primeiro semestre deste ano avançou mais de 10%.

Houve incentivo, por exemplo, para a compra de carros flex e, como o álcool chegou a não ser vantajoso na hora de abastecer, a demanda por gasolina cresceu. No entanto, apesar da alta do petróleo no mercado internacional, a Petrobras mantém congelado o preço da gasolina nas refinarias desde 2009, como já falamos aqui.


O consumidor pode questionar, dizendo que o preço aumentou nas bombas, com toda razão. Mas isso aconteceu por causa do etanol, que é misturado à gasolina e já subiu bastante, inclusive vem aumentando em plena safra.

O governo não quer que o preço da gasolina suba para não pressionar ainda mais a inflação.
Esse é um dos dilemas.


Adriano Pires explica que o governo está diante de uma "escolha de Sofia": se não autorizar a elevação do preço da gasolina, o consumo continuará forte e, com isso, as importações, o que levará a um aumento no rombo do caixa da Petrobras e piora na balança de pagamentos.

Por outro lado, se a gasolina subir, as importações diminuem, mas a inflação aumenta. A situação é complicada, como se vê.


O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que não faltará gasolina, mas que um ajuste precisaria ser feito. Ou seja, disse que o preço pode aumentar.

Segundo ele, "a capacidade de produção de gasolina chegou ao limite".
Hoje, no entanto, garantiu que a Petrobras não cogita nesse momento a possibilidade de reajustar os preços.

Valéria Maniero/Globo

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