"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 19, 2011

Focus: mercado prevê aumentos da inflação e da taxa básica de juros

Os esforços do Banco Central (BC) para conter a inflação, por meio de elevações da Selic (taxa básica de juro) e aperto no crédito, ainda não convenceram os analistas, que voltaram a prever aumento do IPCA para os próximos 12 meses.

Segundo a pesquisa semanal Focus, divulgada ontem pelo BC, a projeção do mercado para o índice em 12 meses subiu pela quinta semana seguida e ficou em 5,37%. Na anterior, esse percentual era de 5,29%.

O pessimismo também ficou claro nas expectativas para a Taxa Selic de 2012, que passou de 12,5% ao ano para 12,63%. Para 2011, ela permaneceu em 12,75%. O Focus manteve as projeções para o IPCA fechado em 2011, em 6,31%, e para o próximo ano, em 5,20%.

As estimativas para o crescimento da economia também sofreram pouca alteração: para 2011, a projeção é de um crescimento de 3,94%. Para 2012, o percentual caiu de 4,1% para 4%. Já o prognóstico para a taxa de câmbio no fim deste ano permaneceu em R$1,60.

- As medidas adotadas pelo Banco Central para conter a inflação têm um efeito comedido sobre a atividade. Elas estão aquém do necessário. O vigor da economia continua bastante forte - afirmou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, destacando que, por isso, o mercado trabalha com a perspectiva de alta dos juros até o fim do ano.

Economistas divergem sobre número de altas da Selic
Ele prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, vai elevar em 0,25 ponto percentual a Taxa Selic em sua reunião que começa hoje. Em agosto, segundo ele, haverá nova alta com o mesmo valor.

A taxa está hoje em 12,25% ao ano:
- Em 2012, o quadro pode se complicar. Por isso, parte do mercado prevê que o ciclo de alta dos juros terá de ser maior. -
Na cabeça do mercado, a avaliação é que a inflação permanece alta no horizonte de 12 meses e que o aperto monetário em curso não é suficiente para trazê-la para o centro da meta - diz a economista da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.

A Tendências é mais pessimista que o Focus em sua expectativa para o comportamento da Selic até o fim do ano que vem.

A consultoria espera mais três movimentos de alta na taxa ainda em 2011, até atingir 13% ao ano em outubro, nível que poderá ser mantido em 2012. Outros 11 analistas ouvidos pelo GLOBO também apostaram em alta de 0,25 ponto percentual da Selic na reunião do Copom que começa hoje.

Há consenso entre esses economistas de que a pressão inflacionária vai se manter no segundo semestre, puxada pelo setor de serviços, cujos preços subiram cerca de 9% nos últimos 12 meses. Os economistas divergem, porém, sobre a continuidade do processo de alta de juros nas reuniões de agosto e outubro do Copom.

Enquanto o HSBC, por exemplo, acredita que a reunião dessa semana será a última em alta da Selic no ano, o Santander espera que o BC faça mais duas elevações de 0,25 ponto.

Martha Beck, Geralda Doca, Paulo Justus e Wagner Gomes O Globo

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