"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

abril 05, 2011

AS MALAS PRETAS DO MENSALÃO.

Quando estava prestes a deixar o cargo que ocupou por oito anos, Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que se dedicaria a uma nova causa:
provar que o mensalão não passara de uma "farsa".

Não contava que, no meio do seu caminho, haveria uma pedra: um minucioso e oficialíssimo relatório de 332 páginas produzido pela Polícia Federal sobre o caso.
O calhamaço confirma, com riqueza de provas, a existência do maior escândalo da história política brasileira.


Neste fim de semana, a revista Época divulgou em detalhes as conclusões da investigação promovida pela PF sob o comando do delegado Luís Flávio Zampronha, por determinação do ministro Joaquim Barbosa, relator do caso do mensalão no STF. O relatório escancara as malas pretas que alimentaram o esquema de corrupção e compra de votos implantado pelo PT.

Seis anos após as primeiras denúncias, a PF concluiu que o mensalão não apenas existiu, como envolveu grosso desvio de dinheiro público. A maior parte dos recursos roubados saía do Banco do Brasil - mais especificamente, de um fundo de publicidade chamado Visanet, destinado a ações de marketing de um cartão de crédito.

Os operadores do mensalão conheciam bem o caminho das pedras:
o Visanet era submetido a quase nenhuma vigilância e fiscalização; era, portanto, presa fácil para o bote dos mensaleiros petistas.
Dali, saíram pelo menos R$ 68 milhões de dinheiro do povo brasileiro.
A maior parte foi parar nas mãos de parlamentares comprados pelo PT.


A investigação da PF também chegou ao que a revista chama de "o elo mais grave do esquema do valerioduto: a conexão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Trata-se de repasse de R$ 98 mil para Freud Godoy, segurança pessoal do líder petista.
Marcos Valério remeteu-lhe um cheque, por correio, como pagamento a serviços de proteção ao então candidato durante a campanha e na transição à Presidência da República em 2002.


Em suma:
um amigo de Lula, que sempre prestou serviços a ele, recebeu dinheiro ilegal para pagar suas despesas trabalhando para o ex-presidente. É a primeira vez em que se descobre uma ligação direta entre o esquema de Marcos Valério e alguém da intimidade de Lula", revela
Época.

Freud também foi um dos principais envolvidos no chamado Escândalo dos Aloprados, que incluía a compra - com dinheiro de origem nunca descoberta - de um dossiê falsificado contra o então candidato a governador de São Paulo pelo PSDB em 2006, José Serra.

A investigação da PF abalroa outros grão-petistas da atualidade, como Fernando Pimentel, hoje ministro de Desenvolvimento e homem de confiança da presidente Dilma Rousseff. Também mostra que os operadores do mensalão, com José Dirceu, Marcos Valério e Delúbio Soares à frente, praticavam às largas no governo de Lula o achaque a empresas - como o grupo Opportunity, de Daniel Dantas, de onde teriam saído US$ 50 milhões para alimentar os dutos da corrupção. Como se vê, a intimidação ao capital privado está no DNA do PT.

Como a drenagem de recursos públicos e os repasses a parlamentares continuaram no mínimo até 2004, desmonta-se, cabalmente, a tese do governo petista de que o mensalão constituía "apenas" caixa 2.
"O PT só reconheceu que era caixa 2, mas não levaram uma pessoa sequer na CPI para demonstrar isso",
reforçou ontem o deputado Osmar Serraglio, relator da CPI do Mensalão. Ao todo, as empresas de Marcos Valério receberam R$ 350 milhões do governo Lula, parte para uso pessoal dos envolvidos.

Com o passar dos anos, o PT vinha se dedicando a tentar transformar o mensalão numa "piada de salão", seguindo o que vaticinara Delúbio Soares logo após ter se desligado da tesouraria do partido.
Apostava-se no esquecimento do público e, mais concretamente, na prescrição do crime de formação de quadrilha, do qual 22 dos 38 réus do processo que tramita no STF são acusados


Paralelamente, o PT cuidava de "reabilitar" seus próceres mensaleiros. Escalara João Paulo Cunha para presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara; arrumara uma boquinha especial para José Genoíno no Ministério da Defesa; preparava-se para refiliar Delúbio e Silvio Pereira ao partido; e abrira portas de palácios e gabinetes para José Dirceu desfilar e negociar com desenvoltura. Em suma, pusera em movimento a verdadeira farsa.

Para a parcela da população que prefere o estabelecimento da Justiça, um escândalo como o do mensalão só pode ser superado com aplicação da lei, não com o ilusionismo que o PT persegue.
J
unto às mais de 42 mil páginas do processo de investigação que tramita no STF, o sobejo trabalho da PF será, certamente, fundamental para sugerir a condenação dos réus, como espera a sociedade.

Contra a dura realidade dos fatos,
Lula terá trabalho extra para montar sua peça de ficção.

Fonte: ITV

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