A inflação de serviços, que preocupa tanto os economistas por estar alta, desacelerou um pouco em março, mas o acumulado em 12 meses continua subindo, como mostra o gráfico abaixo feito pelo Banco Fator.
Depois de ter ficado em 2,28% em fevereiro, esse grupo registrou taxa menor no mês passado, de 0,85%, segundo dados do IBGE divulgados hoje. Mas a inflação em 12 meses passou de 8,38% para 8,53%, taxa mais alta desde agosto de 1997.
Na lista com os destaques de alta feita pelo instituto, o serviço de empregado doméstico, por exemplo, subiu de 0,91% em fevereiro para 1,54% em março. Em 12 meses, a alta é de 11,48%.
Já o de manicure aumentou 1,35% em março, mais do que o registrado no mês anterior (0,88%), subindo 10,72% nos últimos 12 meses. O conserto de automóvel também ficou mais caro, passando de 0,72% para 0,89%.
Inflação em 12 meses ficará ainda mais alta no 2º e 3º tri
Os dados de inflação divulgados hoje pelo IBGE vieram muito ruins, segundo o economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio. Como publicamos mais cedo, o IPCA de março ficou em 0,79%, praticamente no mesmo patamar de fevereiro (0,80%), quando se esperava uma desaceleração. Já a inflação em 12 meses subiu para 6,3%.Por conta disso, o professor revisou suas previsões, projetando agora uma inflação em 12 meses de 6,49% em abril, quase no teto da meta estabelecido pelo governo (6,5%). Ele acha que em maio esse indicador desaceleraria um pouco, para 6,46%, voltando a subir a partir de junho, quando fecharia o segundo trimestre em 6,72%. As estimativas do economista estão bem acima das do BC.
Apesar de projetar uma desaceleração do dado mensal, ele prevê que o IPCA em 12 meses continuará bastante alto nos meses de julho (7,09%), agosto (7,42%) e setembro (7,31%).
- O BC, no relatório trimestral, previa a inflação em 0,70% em março. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, há duas semanas, falava em 0,45%, mas ficou em 0,79%. A situação está muito complicada. Eles estão vendo um cenário diferente, com a commodities desacelerando no fim do ano, mas será difícil isso acontecer. A crise tem pressionado esses preços - explica.
O economista chama a atenção para outro dado importante: quando a inflação em 12 meses atingir o pico , em agosto, será às vésperas de negociações salariais de categorias importantes, como de petroleiros, bancários e metalúrgicos. Isso aumentará a pressão por reajustes.
Valéria Maniero/Globo
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