"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 31, 2011

DESEMPENHO E FLUXO/BOLSA DE VALORES : DESCONFIANÇA DE ESTRANGEIRO FAZ FLUXO FICAR NEGATIVO.

O mercado brasileiro piorou bem nos últimos dias e pegou de surpresa os investidores que se animaram com a recuperação logo nos primeiros dias do ano.

Depois de alcançar os 71.632 pontos no dia 12, o Índice Bovespa veio caindo, caindo, até fechar na sexta-feira aos 66.697 pontos, a menor pontuação desde 9 de setembro do ano passado, quando encerrou aos 66.624 pontos.

Está longe de ser coincidência o fluxo de estrangeiro diário na bolsa ter virado negativo a partir do dia 13, juntamente com a piora do cenário.
Ou seja, a fuga do investidor internacional foi o grande causador do mau humor do mercado.

Entre os dias 18 e 24, o saldo líquido (compras menos vendas) de estrangeiros na Bovespa foi negativo em R$ 750 milhões.
No mês, até o dia 25, o saldo ainda é positivo em R$ 1,3 bilhão. No entanto, no auge de aplicação, até o dia 12, esse saldo chegou a ser positivo em R$ 2,5 bilhões.

A bolsa brasileira não está sozinha nessa piora tanto de desempenho quanto de fluxo.
Boa parte dos mercados emergentes registra queda neste ano.
No Brasil, o Ibovespa cai 3,76%, enquanto outras bolsas importantes, como a da China, cai 8,26% e a da Índia, 10,30%.

No mesmo período, o índice Morgan Stanley Capital International (MSCI) Brasil cai 4,73% ante uma queda de 2,18% do MSCI dos emergentes como um todo.

O fluxo corrobora a deterioração dos emergentes.

Na última semana, houve uma grande saída de recursos desses mercados. Segundo o sócio da Cultinvest Asset Management Walter Mendes, boa parte desse dinheiro migrou para os EUA, a fim de capturar os ganhos da recuperação americana.

"Entre as empresas do índice Standard & Poor"s (S&P-500) e que já divulgaram os resultados do quarto trimestre, houve um crescimento de lucro de 25,5%, algo bastante bom para uma economia que ainda se encontra em recuperação".

Inflação e atuação do BC desagradam os investidores

Em alguns desses países emergentes, o investidor estrangeiro saiu exatamente para colocar no bolso os ganhos que teve em 2010.
É o caso de Chile, Peru e México.

No entanto, nem o Brasil e nem a China fazem parte desse grupo, já que a bolsa brasileira subiu apenas 1,04% no ano passado e a chinesa caiu 14%.

O motivo da fuga desses dois mercados é a mesma:
a volta da inflação.

No caso do Brasil, existe um agravante.
Há uma percepção entre os investidores de que, apesar do início do aperto monetário, o governo está atrasado no controle dos preços.

"Essa postura é malvista pelos investidores porque, quanto mais atrasado, maior precisa ser a dose do remédio", diz Mendes.

Muito mais do que o tamanho da alta dos juros, a questão é o Banco Central agir na hora certa, o que parece que não ocorreu, lembra o gestor.

Apesar dos lucros crescentes das empresas brasileiras e o fato da bolsa estar barata, Mendes acredita que o estrangeiro só se sentirá mais confortável para investir aqui quando perceber um esforço fiscal do governo para conter a inflação.

Resta saber quando e se isso vai ocorrer.

Daniele Camba Valor Econômico

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