"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 28, 2010

A HORA DA PARTILHA , OU , "ESPECTROS EM RETROSPECTOS"

Fechada a equipe econômica, acertados os nomes dos chamados ministros da casa - com assento no Palácio do Planalto, junto à presidente - ainda neste fim de semana Dilma Rousseff começa a tratar com os partidos aliados da distribuição dos espaços na Esplanada dos Ministérios.

Pela expectativa do PMDB, o partido do vice-presidente Michel Temer será o primeiro.
Os peemedebistas têm duas preocupações:
assegurar posições "qualificadas" e encaminhar as negociações sem pressões ruidosas, a fim de se diferenciar das demais legendas e evitar comportamentos explicitamente fisiológicos.


E por que isso?
Porque considera que, uma vez eleito na mesma chapa com Dilma, subiu de grau na hierarquia:
não pode ser visto como adesista; deve se conduzir e ser tratado como legítimo partícipe digno de postos de elite.

O PT ocupa mais ministérios e faz parte do núcleo de poder?
O PMDB diz que é justo, mas aponta que por isso mesmo os petistas não podem querer açambarcar o comando do Legislativo.
A direção do partido assegura que até agora a presidente não enviou nada além de "sinais de prospecção".
Não disse claramente o que pretende para o parceiro de chapa.

Já o PMDB acredita ter deixado bem entendido o que almeja:
garantir a atual parte que lhe cabe no latifúndio de 37 ministérios.
Mas só os efetivamente ocupados pelo partido.
Contando com o Banco Central, hoje são sete as pastas dirigidas por filiados ao partido.

Mas a direção não considera que José Gomes Temporão, da Saúde, e Henrique Meirelles, do BC, sejam indicações partidárias.
Nesses dois casos o PMDB diz que foi usado como "barriga de aluguel".
Situação que não vai aceitar.

Excluídas as "barrigas", sobrariam cinco ministérios:
Defesa, Comunicação,
Integração Nacional,
Minas e Energia e Agricultura.
Não se espera que Dilma mantenha necessariamente as mesmas pastas, mas que assegure a quantidade, não escale o partido para pastas periféricas e aceite as indicações dos nomes feitas por intermédio de Michel Temer sem questionar.

Em contrapartida, o PMDB se compromete a obedecer aos três critérios já postos pela presidente:
densidade de apoio político, experiência na área específica e imunidade pessoal a possíveis escândalos.(SIC)

Temer é o único interlocutor/negociador autorizado e, ao contrário do que ocorreu nos dois mandatos de Lula, os indicados terão o respaldo unitário e não das alas a, b ou c do partido.
Daí a expectativa de que sejam aceitos.
Só serão indicados "homens do partido" e na seguinte proporção:
dois para a Câmara,
dois para o Senado e um para livre provimento do vice e presidente do PMDB, Michel Temer.

E se a presidente não concordar com nada disso?

O PMDB acha que Dilma Rousseff é sagaz o bastante para compreender o que não precisa ser dito por escrito.

Agora é que são eles
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

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