"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 28, 2010

CAIXA DE PANDORA : MAIS 5 MESES DE INFLAÇÃO ALTA E OUTRAS "COISAS" SOB "OBSERVÂNCIA" DE MANTEGA SERÃO A GARANTIA DE CONTAS MAQUIADAS EM 2011.

O brasileiro terá de enfrentar pelo menos cinco meses de inflação alta pela frente. No rol dos aumentos de preços previstos para a virada do ano estão os reajustes das mensalidades escolares, das passagens de ônibus e dos aluguéis, todos numa faixa que deve superar 7%, além da forte pressão dos alimentos que deve continuar até a entrada da safra de grãos, marcada para o fim do primeiro trimestre.

A inflação acumulada em 12 meses pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que encerrou outubro em 5,2%, pode passar de 6% em dezembro, janeiro e fevereiro, preveem economistas.
Se confirmado, o resultado acumulado pode superar no período, em mais de um ponto e meio porcentual, o centro da meta de inflação (4,5%).

As projeções de inflação para os próximos meses foram revistas para cima na semana passada pelo mercado, depois que o IPCA-15, prévia da medida oficial de inflação, superou as expectativas e atingiu 0,86% em novembro.
Metade desse resultado veio da alta dos alimentos, que não deve dar trégua até março.

Normalmente, em janeiro e fevereiro, a alta dos alimentos ganha força com a elevação dos preços das hortaliças afetadas pelas chuvas de verão. Só que esse fator sazonal pode agravar um quadro que já não é favorável.

Risco.

A comida é considerada o maior fator de risco da inflação para 2011. Mesmo assim, o grande foco de pressão para manter a inflação em níveis elevados está nos preços dos serviços, que já vêm ao longo deste ano sendo sustentados pelo aumento do emprego e da renda, que mantêm o consumo aquecido.

Combustível para essa demanda existe.

Em outubro, a taxa oficial de desemprego atingiu 6,1%, a menor marca desde 2002, o início da série histórica. E a renda média real do brasileiro cresceu 6,5% na comparação com outubro de 2009, a maior expansão anual desde junho de 2006.

A maior pressão inflacionária para 2011 está nos preços livres (alimentos e serviços), mesmo com a alta de 10% do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) acumulada em 2010″, afirma a economista do Banco Santander, Tatiana Pinheiro.

O IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), é usado total ou parcialmente como indexador de vários contratos privados, como aluguéis e mensalidades escolares, e preços administrados, como tarifas de energia e de pedágio, por exemplo.

Em 2009, o indicador fechou o ano com deflação de 1,7%.
Isso fez com que alguns preços balizados pelo indicador não tivessem reajustes este ano.

Mas, para 2011, o cenário é diferente.
O IGP-M subiu 10,29% até a segunda prévia de novembro, o que chancela reajustes significativos no curto prazo dos preços regidos por esses contratos.

O efeito da indexação será mais forte em 2011 do que foi neste ano”, prevê o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.
Ele pondera que essa pressão da indexação sobre os preços pode ser compensada parcialmente se o governo optar por não aumentar o salário mínimo acima da inflação.

Sem alívio.

Não vejo nada que alivie a inflação nos próximos meses. Dezembro vai ser complicado para a inflação, porque o consumidor tem mais renda no bolso”, diz o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Antonio Evaldo Comune.

Ele prevê que o ano comece forte, com inflação mensal na casa de 1%, já contando com reajustes das escolas, das tarifas de ônibus e do imposto predial.

Por Márcia De Chiara, no Estadão:

CONTINUA...
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