"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 18, 2010

MEIRELLES : HIPÓTESE DE FORMAÇÃO DE BOLHAS NO PAÍS É PREOCUPANTE.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que requer atenção do governo a possibilidade de formação de bolhas de ativos financeiros no País, a partir do avanço excessivo do ingresso de capitais no Brasil.

"A hipótese de formação de bolhas em qualquer momento é preocupante e, portanto, estamos todos atentos", comentou ele, depois de ser questionado sobre qual nível de preocupação a situação do câmbio traz ao governo brasileiro.

Meirelles, contudo, nada indicou sobre se o governo vai adotar medidas adicionais nos próximos dias para coibir o excesso de capitais internacionais que estão vindo para o Brasil, a ponto de levar o dólar para a cotação de R$ 1,66, o que é avaliado de forma unânime por especialistas como um patamar de forte valorização do real.

Meirelles afirmou que o governo está numa fase do processo de análise do que foi feito (desde o dia 5 de outubro a alíquota do IOF foi elevada de 2% para 4% para aplicações de estrangeiros em renda fixa) e do que pode ser feito.

"Portanto, a melhor postura neste momento é aguardarmos", disse. "E qualquer decisão a respeito será anunciada no devido tempo, se existir."

Meirelles ressaltou a jornalistas que a dificuldade política do governo dos EUA de adotar mais estímulos fiscais a fim de estimular a economia norte-americana praticamente deixou como alternativa de ação somente o afrouxamento quantitativo pelo Fed.

Contudo, ele ressaltou que essa iniciativa "gera distorções graves, é um remédio com efeitos colaterais intensos", que são sentidos especialmente pelas regiões do mundo que vão bem, como o Brasil.

O presidente do BC destacou que tais repercussões negativas não são exclusivas do País, porque também países como Suíça e Japão têm sido destaques do recebimento do grande volume de investimentos.

Meirelles ressaltou que as nações do mundo estão atuando em dois polos para coibir os efeitos do afrouxamento monetário dos EUA: um deles é local, onde cada uma toma suas medidas particulares para proteger sua economia, como no caso do Brasil; o outro é no plano das negociações internacionais, para atacar esse problema de forma global.

Meirelles participou de um café da manhã em comemoração aos 20 anos da Associação Viva o Centro na capital paulista.

Ricardo Leopoldo, da Agência Estado

Nenhum comentário: