"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 25, 2010

INIMIGO IMAGINÁRIO E A "DEMO-CRACIA" DO PARTIDO TORPE

O presidente Lula pautou toda a sua carreira política baseada no conflito.

É assim desde as greves do ABC, no fim dos anos 70.

Ele e seu partido só veem razão de existir num ambiente de conflagração e embates.

Com sua imensa dificuldade de construir o consenso e dialogar com oponentes, Lula e o PT não conseguem sobreviver sem um inimigo para atacar, mesmo que seja necessário inventá-lo.

O festival de desespero e hostilidade que o comando do PT exibiu nos últimos dias é efeito direto desta ética política - melhor seria dizer da falta dela.

O mau exemplo que vem de cima contagia a atitude da militância nas ruas e lhe serve como salvo-conduto.

Para os petistas, não há adversários a derrotar, há inimigos a dizimar.

O episódio da última quarta-feira em Campo Grande, zona oeste da capital fluminense, é o mais recente de uma galeria de instantâneos de truculência protagonizados pelos partidários de Dilma Rousseff.

Para o PT, não basta vencer os adversários políticos nas urnas, eles têm de "apanhar nas ruas" - na célebre pregação do czar-mor José Dirceu.

Não servem os cabos eleitorais; valem mais os cabos de vassoura.

(...)

O PT tentou escapar afirmando que Serra havia simulado ter sido atacado.

O próprio presidente da República embarcou pesadamente nessa história e disse que o candidato tucano havia "mentido descaradamente".

A raivosa declaração presidencial foi dada durante solenidade oficial, usando a estrutura oficial de comunicação.

Tudo posto a serviço da candidatura oficial, que a quilômetros de distância entoava a mesma cantilena de seu mentor.

Lula e Dilma não contavam com uma impecável reportagem exibida peloJornal Nacional no dia seguinte.

Nela, restou cabalmente comprovado que Serra sofreu sim uma covarde agressão. Lula e sua pupila escorregaram no popular "pega na mentira".

Quando agridem injustamente, pessoas de caráter costumam pedir desculpas. Não é o caso de quem vive e se alimenta cotidianamente de insultar adversários.

Aos escrúpulos, Lula e seu PT preferiram agarrar-se à mentira com intuito eleitoral.

Novamente, mesmo contra os fatos, insistiram em acusar Serra de ter fraudado o episódio do Rio.

Seus inimigos imaginários são a matéria-prima de sua prática política.

Só esse episódio já seria suficiente para jogar a turma petista definitivamente na lama.

Mas como o objetivo é "permanecer mandando", como eles não se cansam de afirmar, não há limites na maneira mafiosa de agir.

A manipulada ação da Polícia Federal na investigação da violação de sigilo fiscal de tucanos reforça o argumento.

Todo o contorcionismo de Lula, da PF e do PT para imputar a responsabilidade pelos crimes a uma suposta disputa interna do PSDB não resistiu aos fatos, estes eternos estraga-prazeres do petismo.

Apontado como aquele que comprou as informações sigilosas no mercado negro, o repórter Amaury Ribeiro Jr confessou aos policiais que todas as informações que obteve no submundo do crime acabaram nas mãos de Rui Falcão, proeminente coordenador da campanha de Dilma.

As pontas do novelo vão se entrelaçando. Estrela em ascensão no governo Lula, o secretário nacional de Justiça, Pedro Abramovay, também admitiu em telefonema gravado divulgado pela revista Veja :

"Não agüento mais receber pedidos da Dilma e do Gilberto Carvalho para fazer dossiês. (...) Eu quase fui preso como um dos aloprados".

Soma-se a isso o fato de Carvalho, chefe de gabinete do presidente Lula, ter se tornado réu em ação envolvendo cobrança de propina na cidade de Santo André, na época em que o município era administrado pelo prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002.

São as vísceras dos subterrâneos petistas sendo reviradas. O que mais ainda está por se saber?

Por mais que o PT se esforce, a realidade teima em mostrar sua cara.

Contra os fatos, a receita da campanha de Dilma Rousseff mantém-se a mesma: manipular e continuar mentindo até o último instante; fabricar todos os dias inimigos imaginários a combater; pôr o Estado para sufocar quem pensa diferente.

Para nossa bênção, já ficou claro no primeiro turno da eleição que os brasileiros majoritariamente desaprovam este caminho.

São 54 milhões de pessoas que não compactuam com o que está aí.

Provavelmente reiterarão a mensagem no próximo domingo, porque ganharam nas últimas semanas mais alguns caminhões de motivos -

Original/Íntegra : ITV Inimigos imaginários

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