"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 03, 2010

UM GOVERNO PREPOSTO, AUTOCRÁTICO PARA O 3º MANDATO

Um influente ministro ilustrou o papel do presidente Lula num eventual governo Dilma Rousseff como "um artefato atômico na Guerra Fria", para ser usado só em real necessidade.

A popularidade do presidente e seu reconhecido talento político funcionariam como espécie de "reserva técnica" caso a petista seja eleita.

Ele seria, portanto, mais do que um simples "palpiteiro".

Foi o próprio Lula quem ergueu especulações sobre seu papel no próximo eventual governo.

Semanas atrás, admitiu pela primeira vez uma atuação ativa caso as urnas de outubro confirmem as intenções de voto de agora.

"O novo presidente que assume quer mostrar que sabe e que tem independência. Acho que ele (Lula) seria o 'conselheiro-mor' do governo", afirmou o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília.

"Lula pode ser usado como ex-presidentes são usados nos Estados Unidos, para missões específicas, inclusive no exterior", ponderou.

O também cientista político da UnB João Paulo Peixoto é um pouco mais pessimista sobre a relação Dilma-Lula.

"Acho que ela vai recorrer a ele com mais frequência do que deveria", disse.

"A dependência do Lula que ela tem demonstrado agora vai se repetir no futuro."

Dilma nunca foi eleita para um cargo público. Como chefe da Casa Civil e ministra de Minas e Energia, negociava com empresários, burocratas e até parlamentares, mas era Lula quem conduzia as articulações do governo.

(...)

"Ela vai ter condições de controlar as diversas alas do PMDB e essa burocracia pesada de Brasília", questiona Peixoto. "O Lula seria uma garantia política dela."

(...)

"Ele vai ser consultado na formação do governo. Vai ser conselheiro, mas ele não vai ficar dando palpite sobre pessoas, ele não vai formar o Ministério dela", disse um petista da coordenação da campanha nacional.

"Ela sabe que o Lula é o grande eleitor dela, mas ela não vai ser títere dele."

Em outra ocasião, Lula disse numa porta da fábrica que seria a ponte entre Dilma e os trabalhadores.

"Eu não serei apenas seu ajudante para fazer coisas melhores pra esse pessoal, mas também vou ajudar o pessoal a telefonar (para Dilma)."

Os discursos anteriores a esses davam conta de um outro comportamento. Foram exaustivas as vezes em que repetiu que a maior contribuição de um ex-presidente é não incomodar nem dar palpite.

Mas Lula deixou de querer esconder suas pretensões.

Íntegra :

'Reserva técnica'

Um comentário:

Unknown disse...

Perfeito como sempre!