"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 15, 2010

ELES VIVEM E USUFRUEM DA POLÍTICA ADEPTA DAS TREVAS, NÓS QUEREMOS LUZ, E VIDA COM LIBERDADE.

Acuado por mais uma avalanche de escândalos, o presidente da República pôs todos os seus muitos subordinados em campo nesta semana para defender uma ministra de Estado cujos familiares montaram um balcão de negócios dentro do seu governo.

Vale tudo, incluindo o uso descarado da estrutura pública para fins partidários - agora até notas com timbre oficial ocupam-se de fazer política eleitoral para o PT.

Mas o artifício central do estratagema petista é posar de vítima de um "golpe da imprensa".

O lulismo tem horror ao escrutínio dos meios de comunicação e detesta a fiscalização de quaisquer das instituições do Estado democrático de Direito.

Contraditório, só vale se for o deles.

A dura realidade é mero detalhe ou simples versão distorcida dos fatos na farsa asfixiante que o PT tenta nos impor.

O governo de Lula age com a desenvoltura de quem se acha inimputável ao deslanchar seus malfeitos.

Transformou o ministério mais poderoso da Esplanada numa central de falcatruas.

Ali se urdiram a aliança com bicheiros pelas mãos de Waldomiro Diniz; o assalto aos Correios e a uma penca de estatais para financiar o mensalão; a feitura de dossiês espúrios para caluniar adversários políticos; o armazém de secos e molhados que trafica influências a troco de "taxas de sucesso".

Bem ali, um andar acima de onde despacha o presidente.

Tudo isso sabemos hoje por causa da atuação vigilante e independente dos órgãos de imprensa.

Foram eles que puseram no ar a grotesca cena em que o então assessor direto de José Dirceu embolsava maços de dinheiro.

Foram eles que escancararam e escarafuncharam quando Roberto Jefferson expôs os meandros do pagamento de mesadas a parlamentares.

Foram eles que demonstraram que assessores diletos de Dilma Rousseff produziam quilos de planilhas com dados protegidos por lei e viviam em gostoso conluio com lobbies.

Foi, por fim, a imprensa que revelou que a campanha petista à presidência da República manipulava sigilos fiscais em associação com criminosos.

Dependesse do PT, nada disso seria sabido.

Para os partidários de Dilma, imprensa boa é imprensa calada ou subserviente.

Resumindo numa frase saída da boca de um prócer do partido, para eles "o problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da imprensa".

Espantosa, a afirmação foi feita anteontem por um dos chefes da campanha dilmista: o onipresente José Dirceu.

Será esta treva, a da mordaça, o que nos aguarda se a candidata de Lula triunfar nas urnas?

O PT convive mal com o contraditório, aceita com ressalvas os princípios democráticos, arrosta as liberdades.

Só tolera opinião que é a favor - coisa que o petismo tem sobra na rede espúria de vassalos que disseminou pela internet e em veículos de imprensa do interior do país cevados a gordas verbas de publicidade oficial.

Esse é o mundo que o petismo tenta a todo o custo nos impor: críticos tratados como "inimigos da pátria", áulicos mimados com benesses públicas.

"Aos críticos do 'milagre lulista' foi reservado o pior dos mundos.

Criou o seu próprio 'ame-o ou deixe-o'.

Quem está com ele - e nessa categoria o arco é amplo, vai do MST ao grande empresariado - 'ama' o Brasil; quem está contra é inimigo e tem de ser destruído", resume com precisão cirúrgica o historiador Marco Antonio Villa na edição de hoje da Folha de S.Paulo.


Não é de hoje que Lula mostra os caninos a quem se interpõe em seu caminho.

A imprensa é o alvo mais reiterado, mas não é o único.

Órgãos como o Tribunal de Contas da União, o Ministério Público e o Ibama, responsáveis por zelar pela coisa pública, já foram mil vezes enxovalhados pelo presidente da República sempre que apontaram malfeitos do governo.

Dividem com os meios de comunicação o papel de bode expiatório pelos fracassos petistas.

Tivesse o dom divino que acredita ter, Lula não teria dúvidas: teria extirpado todos da sua frente, como sonha fazer com adversários da oposição, um a um. Seu pavor à luminosidade do escrutínio só tem similar na escuridão produzida pelos regimes ditatoriais.

Mas tudo tem um fim.

E o da era de trevas do governo Lula está próximo.

Fonte : ITV/ Horror à luz

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