Correio Braziliense
A educação vai mal. A saúde, idem. Segurança e infraestrutura são outros dois problemas crônicos na vida nacional. Isso, apesar de o contribuinte brasileiro entregar aos cofres federais somas cada vez maiores de impostos e contribuições.
Os sete primeiros meses deste ano registraram sucessivos recordes de arrecadação, sempre com crescimento real, acima da inflação. Em julho, entraram R$ 67,9 bilhões, 10,54% mais do que no mês anterior.
Tamanha sanha fez o governo central abocanhar mais de R$ 2 bilhões por dia no período apurado em 2010, tendo engordado o caixa em R$ 450,9 bilhões.
Ainda assim, cristaliza-se na sociedade a ideia de que a economia vai bem.
É uma meia-verdade. Expande-se, é fato, favorecendo a recuperação do emprego e da renda. Mas podia ser muito melhor.
O garrote tributário impede crescimento maior e pressiona preços, ao mesmo tempo em que não é garantia de serviços públicos em quantidade e qualidade razoáveis.
A carga excessiva, das mais elevadas do mundo, tem o agravante de comprometer a competitividade do país no mercado externo, já deteriorada pela valorização do real.
(...)
Aos críticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva responde que o Estado precisa ser forte para atender aos necessitados.
É outra meia-verdade, fácil de ser constatada no desamparo do cidadão, nem sequer atendido em direitos básicos e elementares assegurados pela Constituição.
De nada adianta um Estado rico — e não é o caso do brasileiro — e ineficiente.
Nem candidatos à Presidência da República — e é o caso dos dois principais, Dilma Rousseff e José Serra — com discursos favoráveis à desoneração, mas programas de governo que não indicam cortes substanciais dos gastos públicos.
Desde a implantação do Plano Real, em 1994, a carga tributária avançou cerca de 10 pontos percentuais em relação ao PIB.
Estima-se hoje que esteja em torno de 36% a 37% da soma das riquezas produzidas pelo país.
O Brasil está na rota do desenvolvimento, mas só o alcançará de modo sustentável se fizer o dever de casa.
Primeiro, a máquina pública precisa ser menos onerosa — hoje, consome perto de 20% do PIB — e mais produtiva.
Segundo, sob o império dessa virtude rara na cena política nacional que é a austeridade, urge trazer as taxas de impostos e contribuições a níveis civilizados e redistribui-las segundo critérios de justiça social.
Assim será possível ampliar os investimentos, tirar grande parte da economia da informalidade e, de quebra, reduzir os juros sem riscos inflacionários.
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