"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 02, 2010

MILITANTE SÓ É ESPECIALISTA EM CAUSA PRÓPRIA.

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Bem-vindo Reinaldo, você faz falta, muita :

(...)

É evidente que se trata de um discurso em favor da legalização do aborto. Ocorre que a fala da antropóloga é um queijo suíço, que só convence os incautos:

1 - Qual é a cientificidade de sua amostragem?

2 - Qual é o tamanho da amostra?:


3 - Quer dizer que “todo o Brasil urbano são as capitais e as grandes cidades”? Quem disse? Segundo qual ciência?


4 - Todas as mulheres do campo são analfabetas?


5 - Se a antropóloga confessa que o Brasil rural ficou fora da “pesquisa”, então é mentira que uma em cada cinco mulheres já fez aborto. Como posso afirmar isso? Ora, é ela quem afirma quando confessa que sua amostra não representa o Brasil.


6 - Se o mal enxergado pela intelectual da voz pausada é o impacto na saúde pública, seria menor tal impacto no caso da legalização? Um aborto legal dispensa a curetagem ou a sucção?


7 - O que a doutora Débora entende por “mulher típica brasileira”? Ainda que fosse verdadeiro o chute de que uma em cada cinco mulheres entre 18 e 30 anos já fez aborto, isso significaria, então, 20% do total.
Com a devida vênia, doutora, a “mulher típica” é aquela dos 80% que não fizeram, certo? Por mais que a senhora tente transformar o aborto numa banalidade como “me passa o açúcar”, ele continua, até na sua pesquisa, uma exceção.


Defender a morte de um feto é difícil, reconheça-se. Por isso essa gente gosta tanto de estatísticas e números. Um dado fornecido por uma pesquisa do pesquisa do Instituto do Coração, da USP, foi considerado espantoso pelo Fantástico:
“Entre 1995 e 2007, a curetagem depois do procedimento de aborto foi a cirurgia mais realizada pelo SUS: 3,1 milhões de registros”.

Querem ver como, às vezes, falta ao editor ou puxar as orelhas dos repórteres ou usar calculadora que faça apenas as quatro operações (já nem digo ler o conjunto da obra em busca de incongruências)?

3,1 milhões de curetagens em 13 anos dão uma média de 238.461 procedimentos por ano.

Atenção!

Perguntem a especialistas da área e eles lhes dirão: 25% das gestações resultam em abortos espontâneos.

Nascem, por ano, no Brasil, mais ou menos 2,8 milhões de crianças.

Vamos supor, meus caros, só para efeitos de pensamento, que não houvesse um só aborto provocado no Brasil: aqueles 2,8 milhões seriam apenas 75% das gestações — ao todo, elas somariam 3,73 milhões.

REITERO:

VAMOS FAZER DE CONTA QUE NÃO EXISTEM ABORTOS PROVOCADOS. Ora, só os abortos espontâneos chegariam, então, a 930 mil por ano.

Como INEXISTE NOTIFICAÇÃO NOS HOSPITAIS PARA DISTINGUIR CURETAGEM DECORRENTE DE ABORTO ESPONTÂNEO DE CURETAGEM DECORRENTE DE ABORTO PROVOCADO, chega-se à conclusão de que os quase 240 mil procedimentos são um número “espantoso”, sim, Fantástico:

ESPANTOSAMENTE BAIXO!

Se encontrarem furo lógico aí, cartas para o blog!

O número significa ainda mais — e mais grave: o SUS não tem, então, estrutura para atender nem mesmo os casos de abortos espontâneos. Imaginem o que poderia acontecer, então, com um aumento da demanda em caso de legalização.

As pessoas defendam o que bem entenderem. Faço o mesmo. Não gosto é que tentem me iludir com estatísticas furadas, que não resistem a uma conta de dividir e a uma regra de três.

O que me incomoda na defesa da legalização do aborto é que se tenta compensar a penúria ética da tese com números.

E números, lamento, podem auxiliar na criação de uma moral, mas não a substituem.

Ora, tenham a coragem, então, de defender o aborto como “um direito” e ponto final! Pode ser horrível, mas é, ao menos, intelectualmente mais honesto.

E sem essa de chamar militante de “especialista”.

Militante só é especialista da própria causa.

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