"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

agosto 24, 2010

AINDA SEM PROPAGANDA E EFEITOS ESPECIAIS : ROMBOS DEVEM PREJUDICAR O PAPEL DE "CREDOR iNTERNACIONAL"

O Estado de S. Paulo

Desde janeiro de 2008, o governo comemora o fato de que o Brasil passou a ser credor internacional.

Ou seja, ativos brasileiros em moeda estrangeira já superam o total da dívida da União e empresas em outros países.

Atualmente, essa posição credora é de US$ 39,5 bilhões.

Mas o crescente rombo das contas externas e o simultâneo aumento do endividamento externo têm reduzido essa vantagem do País.

Apenas neste ano, a retração da posição credora foi de 36%.
Por isso, não será surpresa se, no médio prazo, o Brasil voltar a ser devedor internacional.

Os seguidos e crescentes déficits em conta corrente têm aumentado a necessidade de o Brasil buscar outras formas de financiamento.

Para fechar as contas, o País recorre cada vez mais aos empréstimos em outros países.

Por isso, apenas neste ano, a dívida externa brasileira cresceu 18,7%, totalizando US$ 235,35 bilhões.

Ao mesmo tempo, apesar da ainda forte política de compra de dólares para reforço das reservas internacionais, o caixa do Banco Central em dólares avançou em ritmo bem menor: cresceu 7,6% no acumulado de 2010.

No BC, o movimento de redução da posição credora do País é encarado com normalidade, já que o investimento produtivo não deve ser suficiente para cobrir o saldo negativo em conta corrente nos próximos meses.

Isso fará com que o Brasil volte a depender de empréstimos para fechar as contas, exatamente como o País sempre precisou na história de país emergente.

Além disso, o aumento das apostas de valorização do real por parte dos bancos, segundo o BCl, é um fator adicional que reduz essa posição credora do País.

O discurso de tranquilidade é baseado no fato de que, agora, o perfil desse endividamento será completamente diferente do visto no passado, quando a dívida externa brasileira era praticamente "inadministrável".

O aumento da dívida hoje, para o BC, ocorre em condições mais adequadas, como prazo longo e juro semelhante ao praticado nos países maduros.

Vantagens do grau de investimento conquistado pelo Brasil há alguns anos.

O que pode amenizar essa tendência de redução da posição credora do Brasil é a retomada de ingressos volumosos de investimento produtivo, que o BC espera para os próximos anos.

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