"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 25, 2010

O INVESTIMENTO DIRETO NO BRASIL.

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O Estado de S.Paulo

A remessa de lucros e dividendos vai superar neste ano, pela primeira vez, o ingresso líquido de investimento direto no Brasil, segundo projeção da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).

O Brasil vai precisar, portanto, de dinheiro especulativo, aplicado em bolsas ou no mercado de renda fixa, para fechar as contas externas sem queimar reservas.

Não há crise à vista, mas haverá uma queda de qualidade no balanço de pagamentos e o País ficará um pouco mais vulnerável às mudanças bruscas de humor no mercado internacional.

A tendência não é nova.

A margem de segurança das contas externas começou a diminuir sensivelmente em 2008, quando as importações de bens começaram a crescer bem mais acentuadamente que as exportações mudança provocada em grande parte pela aceleração do crescimento econômico.

(...)

Pelas contas da Sobeet, o investimento direto líquido entradas menos saídas ficará em US$ 30 bilhões. O déficit na conta corrente ficará em US$ 49 bilhões, segundo o Banco Central (BC).

O mercado financeiro estima em US$ 47,5 bilhões para este ano e US$ 60 bilhões para o próximo. A remessa de lucros aumentou desde o começo da crise e está embutida nessas previsões.

Em qualquer caso, o investimento direto destinado à atividade empresarial e não ao mercado financeiro ficará muito abaixo do necessário para cobrir o buraco. A diferença será coberta por dólares aplicados em negócios de curto prazo.

As projeções da Sobeet reforçam expectativas formadas com base nos cálculos do BC e do mercado financeiro. Mas foram apresentadas juntamente com o relatório anual de investimentos elaborado pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

Segundo esse relatório, o Brasil caiu da 10.ª para a 14.ª posição na lista de receptores de investimento estrangeiro direto. O valor líquido recebido passou de US$ 45,1 bilhões em 2008 para US$ 25,9 bilhões em 2009.

A redução de 42,4% foi bem maior que a observada na América Latina (19,35%), nas economias em desenvolvimento (22,9%) e no mercado global (34,4%).

O Brasil se mantém como um dos países mais atraentes para o investimento direto estrangeiro. Perdeu participação nos fluxos, no ano passado, mas subiu da 4.ª para a 3.ª posição entre os países citados como destinos para aplicações de recursos até 2012.

Ficou atrás da China e da Índia e logo à frente dos Estados Unidos, Rússia e México.

Mas a concretização dos negócios seria mais garantida, segundo dirigentes da Sobeet, se o Brasil participasse de acordos internacionais de investimento importantes para a segurança de quem aplica o dinheiro.

Entre 2000 e 2009 foram concluídos 1.004 tratados.

Países europeus participaram de 509 e países em desenvolvimento, de 829. Latino-americanos assinaram 131. A China, 48; a Índia, 43; e até a Venezuela assumiu compromissos (6). As economias em transição (ex-socialistas) entraram em 253 pactos desse tipo.

O Brasil não assinou nenhum, assim como não concluiu nenhum acordo de livre comércio com parceiros de primeira linha.

Essa é uma das mais estranhas peculiaridades brasileiras. Se acordos de investimentos podem ser bons para países tão diferentes quanto os Estados Unidos, o Chile, a China, a Áustria, a África do Sul e o Vietnã, por que não servem para o Brasil?

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