Nunca acredite no que um ébrio diz, não importa qual o seu grau de status.
O presidente afirmou que não colocaria a estabilidade da economia em risco por ser um ano eleitoral, abaixo fica descamuflado o desencontro do que se diz no reino da cachaça e do que realmente se faz.
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A Ata da 151.ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi mais incisiva que as anteriores e mostrou que a política monetária seguida pelas autoridades monetárias encontra grande dificuldade diante da política econômica do governo, que parece estar totalmente na contramão daquela.
Neste período eleitoral, o Copom tinha de justificar a continuidade da sua política de alta da taxa básica de juros, que voltou a ter dois dígitos. Na realidade a tarefa foi fácil, em face da evolução da conjuntura.
As autoridades monetárias mencionaram, pela primeira vez, uma nova preocupação em razão da deterioração da situação econômica nos países da União Europeia, embora reconheçam que até agora o Brasil pouco sofreu com ela.
Avisam, porém, que se trata de um risco que não se pode descartar no futuro, pois torna mais difícil e mais cara a captação de recursos externos.
Na realidade, a ata se concentra na crítica contra a política econômica, atual responsável pelo superaquecimento da economia.
O texto é muito claro:
"A demanda doméstica se apresenta robusta em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão de crédito. Além disso, estímulos fiscais e creditícios foram aplicados na economia nos últimos trimestres."
A forte demanda está gerando escassez de mão de obra e elevação dos custos de insumos, o que se constata na trajetória dos núcleos de inflação e das expectativas de inflação.
Esse clima inflacionário traz como resultado aumentar os prêmios de risco que são pagos na captação de recursos externos, o que reduz os investimentos e exerce um efeito regressivo sobre a distribuição de renda.
A crítica à política econômica não podia ser mais clara. Mas é certamente em razão das últimas decisões do Congresso, acolhidas pelo governo por motivos eleitorais, que os membros do Copom anunciam que "competiria à política monetária agir de forma incisiva".
Tudo indica, pois, que as autoridades monetárias pretendem, sem levar em conta que estamos em período eleitoral, continuar com sua política de alta da taxa básica de juros.
As últimas decisões do Congresso e a atitude do governo, que não quer adotar nenhuma medida que possa prejudicar as chances da ex-ministra da Casa Civil nesta eleição, são graves.
Caberia ao presidente e à sua candidata ter noção de que o ímpeto em ganhar as eleições a qualquer custo poderá ter um preço muito alto para o futuro da administração.
O Estado de S. Paulo
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