Não há relatos de que Romeu Tuma Jr., afastado da Secretaria Nacional de Justiça - oficialmente de férias - por suspeitas de ter feito uso político do Departamento de Estrangeiros, tenha feito o mesmo com o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), também subordinado a ele.
Mas fontes afirmaram ao Valor que, pelo menos uma vez, ele teria protelado o envio de um pedido de cooperação internacional ao DRCI para a troca de informações sobre contas bancárias no exterior com outros países.
E em dois casos, teria vazado informações sigilosas à imprensa com o intuito de se promover.
Tuma Jr. teria, deliberadamente, provocado uma demora no procedimento de cooperação internacional no caso envolvendo Fernando Sarney, filho do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP).
O secretário nacional de Justiça teria recebido o pedido de cooperação e o segurado durante quatro meses antes de repassá-lo ao Departamento de Recuperação de ativos para que desse início aos procedimentos necessários para que o pedido fosse feito.
O vazamento de dois procedimentos de cooperação internacional também é atribuído a Tuma Jr.
O primeiro caso foi o da Operação Satiagraha, deflagrada pela PF em 8 de julho de 2008 para investigar supostos crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro cometidos por diversos réus.
O bloqueio de contas dos envolvidos na Satiagraha vazou à imprensa e depois foi confirmado por Tuma Jr., provocando divergências com o Ministério Público Federal.
O segundo vazamento atribuído a Tuma Jr. por fontes ouvidas pelo Valor envolve a Alstom, que está sendo investigada pelo Ministério Público da Suíça por supostas propinas pagas a funcionários públicos no Brasil para garantir contratos com o Metrô de São Paulo.
O vazamento de informações teria prejudicado as investigações, uma vez que a divulgação do bloqueio fez com que o titular da conta contratasse um advogado local - na Suíça, por exemplo, os bancos não são obrigados a informar o bloqueio aos clientes por um determinado prazo.
A interferência de Tuma Jr. no Departamento de Recuperação de Ativos era enorme - o secretário pedia informações sobre todos os casos e relatórios periódicos dos principais.
A interferência direta de Tuma Jr. no departamento e um suposto monitoramento dos e-mails de todos os funcionários, a pedido do secretário, gerou descontentamentos na equipe.
Aos poucos, os funcionários foram deixando os cargos e hoje não há praticamente ninguém da equipe original no departamento.
(CP)
Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário