"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

fevereiro 19, 2010

ATÉ QUANDO DILMA ?


Amparada por uma economia forte e pela popularidade de Lula, Dilma diminuiu a distância mantida nas pesquisas de opinião pelo líder o governador do Estado de São Paulo, José Serra, do oposicionista PSDB.

Analistas argumentam, no entanto, que a corrida ainda tem de começar de fato e Dilma, cuja candidatura será lançada pelo PT no sábado, ainda precisa sair da grande sombra de Lula para consolidar uma imagem própria e definir suas políticas a fim de vencer a eleição de outubro.

"Ela ainda tem de se apresentar ao eleitorado brasileiro", disse Christopher Garman, analista para América Latina da consultoria Eurasia Group, de Nova York.
"E ela ainda precisa aprender a fazer isso de forma convincente."
O primeiro desafio dela será convencer os militantes do PT de que é tão boa quanto Lula diz.

O presidente praticamente impôs a candidatura de Dilma, ao qual ela se filiou apenas em 2001.
"Eu não sei muito sobre ela, mas ela seria uma continuação do Lula", afirmou o taxista José Silva dos Santos, 52 anos, no centro de Brasília

Mesmo assim, há especulações nos meios políticos de que Dilma, 62 anos, seria apenas uma "presidente interina" até que Lula possa concorrer de novo em 2014, intenção negada por ele em uma entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo publicada na sexta-feira.
"Tenho total confiança em Dilma, de que ela saberá como fazer as coisas certas para este País", disse ele.

O antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso, também do PSDB, depreciou publicamente Dilma este mês como um mero boneco do chefe, prenunciando um tema provável da campanha que está por vir.

Risco político
"Essa conversa de crescimento induzido pelo governo e grandes estatais tem nos preocupado. 
Já fracassou no passado", disse Rodrigo Nogueira, sócio da construtora JC Gontijo Engenharia, com sede em Brasília. 
"Ela precisa tratar dessas preocupações logo."

Dilma, no entanto, ainda é uma novata na política que geralmente se esforça para se ligar ao público, uma deficiência que mesmo seus partidários reconhecem.
A aprovação e as habilidades políticas já comprovadas de Lula por certo agirão a favor dela na campanha.
Mas Dilma enfrenta um forte concorrente com Serra, e a posição dela em algumas questões polêmicas poderá representar problemas.

Parlamentares da oposição a convocaram para uma audiência sobre o plano de direitos humanos que, trata entre outro tópicos, sobre a legalização do aborto, e eles querem questionar a ministra sobre seu apoio à medida, uma questão delicada numa sociedade de maioria católica.

Analistas afirmam que a falta de carisma e de jogo de cintura político de Dilma talvez não custem a sua eleição, mas, se ela vencer, poderiam dificultar o seu governo.
"Ela tem dificuldade em lidar com políticos - os eleitores não perceberão, mas seus aliados poderão se aproveitar disso", disse Cristiano Noronha, diretor da empresa de consultoria Arko Advice.

"O maior risco de Dilma é tornar-se refém de seus aliados."
Continua...

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