"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 12, 2010

UMA QUESTÃO PARA O PT



A VOLTA DA CENSURA
Por Carlos Chagas
Vamos supor, só para argumentar, que por milagre apareça um  cidadão de vasto quilate  e popularidade, candidatando-se pelo DEM à presidência da República, em outubro. Não haveria Lula que desse jeito, muito menos Dilma, caso fosse o candidato alguém como Getúlio Vargas ou Juscelino Kubitschek.  Proclamados os resultados e empossado o vencedor, iria o PT continuar sustentando a existência do tal Conselho de Comunicação proposto no Plano Nacional de Direitos Humanos para monitorar o conteúdo editorial das emissoras de rádio e televisão? Ou se lançariam,  os companheiros, em uníssono, na defesa da liberdade de expressão?

Assim estão as coisas, diante da  iniciativa do ministro dos Direitos Humanos em favor do controle dos meios de comunicação. Porque ruim com a liberdade, em meio a tantos excessos, pior ficaria sem ela.

A gente torce o nariz por conta da reação de certos barões da grande imprensa, interessados apenas em preservar a prerrogativa da  defesa de  seus interesses, mas haverá que atentar para o reverso da  medalha. Equivaleria à volta aos tempos da ditadura a existência de um  Conselho de Comunicação encarregado de julgar o que deve ou não deve ser divulgado, armado com a hipótese da  cassação das concessões para o funcionamento de rádios e tevês. Mais do que outros, é esse o ovo da serpente incrustado no texto do decreto dos Direitos Humanos.  Estabelece a  supressão da liberdade, por mais danosos que sejam seus efeitos.

Não se imagine o presidente Lula dentro da armadura de paladino da  defesa da liberdade de expressão. Nos últimos sete anos seu governo já deu sucessivas mostras de pretender  limitar o direito de informação. Essa é apenas mais uma, talvez sem ser a última. Enquanto militava na oposição, sustentava o sagrado direito da expressão do pensamento. No poder, não é bem assim.  Mas deveria cogitar da possibilidade de voltar ao outro lado. Será sempre possível, apesar de não recomendável.

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