"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 04, 2009

CONTAS EXTERNAS



03/12/2009
Sinal amarelo nas contas externas
Rolf Kuntz

Chamem um exorcista. 


Causa arrepios a evolução das contas externas, com exportações em marcha lenta, importações em alta e um promissor buraco na conta corrente do balanço de pagamentos - US$ 18,8 bilhões nos 12 meses terminados em outubro. 
O brasileiro com mais de 40 anos passou a maior parte da vida num país com inflação elevada e sempre a um passo de uma crise cambial. 

O Plano Real foi lançado há 15 anos, mas a estabilidade só se consolidou na virada do século. 
Em 1999 o País atravessou a última crise do balanço de pagamentos, com um rombo de US$ 33 bilhões nas transações correntes.
Entre 2003 e 2007 o Brasil acumulou superávits na conta corrente.

O saldo comercial, somado às transferências unilaterais (principalmente remessas de trabalhadores no exterior), foi muito mais que suficiente, nesse período, para compensar o déficit estrutural na conta de serviços (royalties, juros, lucros, viagens, fretes e seguros). 


Em 2006 o saldo em conta corrente chegou a US$ 13,6 bilhões. No ano seguinte encolheu para US$ 1,5 bilhão. 

Com a aceleração do crescimento econômico, as importações começaram a aumentar mais que as exportações.
O descompasso se intensificou em 2008.

O resultado da conta comercial encolheu de US$ 40 bilhões para US$ 24,7 bilhões e o buraco em transações correntes ampliou-se para US$ 28,2 bilhões. 

O resultado só não piorou em 2009 porque a recessão freou as importações. 
Mas a tendência mudou, com a reativação da economia. 

De julho a novembro, o saldo comercial foi 17% inferior ao de igual período de 2008.Para 2010 o mercado financeiro calcula um déficit em conta corrente de US$ 36 bilhões, mas isso dependerá de um superávit comercial de US$ 13 bilhões. 

Há quem admita, no entanto, a hipótese de um saldo comercial zero. 

Nesse caso, o déficit nas transações correntes ficará perto de US$ 50 bilhões. 
Será administrável, mas tenderá a aumentar. 

A combinação de crescimento econômico e real valorizado manterá no vermelho a conta corrente. 
 Não haverá tragédia enquanto o ingresso de capital compensar o desequilíbrio. 

Até quando?
 
Fonte InstitutoMillenium