Senado vive uma normalidade cínica
Lula Marques/Folha
O silêncio que se seguiu após " crise " Sarney deu aos senadores uma aparência de normal anormalidade.
Provado, que os " camuflados " e os moralistas estão sempre sujeitos às mesmas imoralidades. Melhor calar do que gritar.
Nesta terça (15), as cenas no plenário mostraram que o Senado voltou ao normal.
Um clima de calmaria, Arthur Virgílio limpando as caspas(janela acima) que estavam nos ombros dos paletós de Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante .
Auxiliando Virgílio, Papaleo Paes, um tucano que é mais Sarney do que o próprio Sarney, tirava dos ombros de Mercadante as restantes .
Num ambiente em que o tempo passado não dá futuro, é preciso matar o tempo. Nem que seja papeando com o desafeto.
Lula Marques/Folha
Certo nomento, Mercadante, como que obedecido à era da governabilidade, papeou com Fernando Collor.
Renan Calheiros foi à bancada. O que conversou o trio? Pelos risos, era coisa fácil de engolir e digerir.
Para não faltar as "camuflagens" que gostam de exibir, Arthur Virgílio , encenou uma boca no trombone rapidamente.
Na tribuna "cobrou" explicações de Renan de uma notícia que ,diz respeito a um ex-auxiliar do rival.
Funcionário que fez um curso na Austrália, em 2005, às custas do Senado. Irregularidade à que Renan havia imputado contra Virgílio.
“Em nenhum momento eu menti”, disse Virgílio. “Até pelo contrário, admiti meu erro quando liberei meu funcionário para estudar fora”
“Depois disso, solicitei ao diretor-geral do Senado os cálculos do que devia e restitui os valores aos cofres públicos”
“Por isso, surpreendeu-me a notícia de que um funcionário do gabinete do senador Renan tenha ficado na Austrália, de dezembro a março de 2005, para estudar inglês, recebendo salário pelo Senado”.
Ag.Senado
E Renan: “Eu não tenho nada a responder sobre essa questão, nada, absolutamente nada . Não tratou absolutamente nada disso comigo, nem seria o caso”“Não compete a nenhum senador tratar aqui de frequência de servidor. Eu nunca cuidei disso e nunca vou cuidar”
“Não quero aqui delongar uma discussão que ninguém mais aguenta nesta Casa”.
Taí uma verdade, a Casa não aguenta mais essa “discussão”. Tanto que, rapidamente, passou à pauta do dia.
Há um mês, o Senado estava à beira de uma guerra. Hoje, vivendo uma anormal normalidade, prefere a beira do poço.
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