"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

março 27, 2014

VERSO/REVERSO ! Está bom ou ruim? Assim como leva anos para se merecer o grau de investimento, é preciso uma série de equívocos para estragar a coisa

E então: 
está bom ou está ruim? 
Ser rebaixado por uma agência de classificação de risco é certamente ruim. 
Mas o mundo não acabou. 
Nem a bolsa despencou, nem o dólar disparou. 
Logo, qual o problema de uma nota mais baixa?

O problema maior está justamente na formulação dessa pergunta. 
Assim como leva anos para se arrumar a economia de um país — e merecer o grau de investimento — também é preciso uma série longa de equívocos para estragar a coisa. Como isso acontece devagarzinho, a gente corre o risco de se acostumar com o errado. É o que está acontecendo por aqui.

A agência Standard & Poor’s (S&P) promoveu o Brasil a grau de investimento, retirando-o do grupo dos caloteiros, só em 2008, nada menos que 14 anos depois da introdução do Real e após uma série de reformas que levaram à estabilidade. O país estava então no segundo mandato de Lula, que celebrou ruidosamente a novidade. Disse que era um momento mágico e que o Brasil recebera o carimbo de país sério.

Era por aí: 
o prêmio pela manutenção de uma mesma política econômica ao longo de quatro mandatos presidenciais, comandados por partidos diferentes. Em 2011, já no governo Dilma, o Brasil teve uma outra promoção, passando para o nível dois de grau de investimento. Era uma recompensa pela boa sobrevivência à crise financeira global. Desta vez, o Brasil acompanhou os principais emergentes: 
todos reagiram bem.

Na última segunda-feira, portanto, o Brasil retrocedeu três anos. 
Voltou à nota de 2008, que ainda é grau de investimento, mas apenas no primeiro nível. Mais uma bobeada — ou um conjunto de bobeadas — e o país volta ao grupo dos caloteiros conhecidos.

Mas esse fato — ter a economia brasileira permanecido como investiment grade — foi o mais acentuado por muita gente. 
Por exemplo: 
a bolsa brasileira continuou no ritmo positivo — no day after do rebaixamento emplacou sete dias úteis de alta. E o dólar continuou acomodado na casa dos R$ 2 e trinta e poucos. Os juros subiram, mas só um pouco.

Mas olhem mais para trás. 
Nos últimos 12 meses, a bolsa brasileira sai do positivo e se mostra como tem sido: 12% de queda. Foi um dos piores desempenhos entre as principais bolsas internacionais.

Todas as medidas do risco Brasil vêm mostrando alta desde 2012. Hoje, esse risco — medido pela taxa de juros que o governo paga por empréstimos externos ou pelo seguro contra calote — é maior do que a média da América Latina e da Ásia emergente.

Isso reflete a deterioração da política econômica especialmente nos últimos três anos. Mas o que significa deterioração? Significa que os fundamentos — aqueles que levaram ao grau de investimento — não foram jogados no lixo, mas têm sido maltratados.

Por exemplo: 
ainda estamos sob o regime de metas de inflação com Banco Central independente. O BC segue os rituais desse sistema praticado por quase todos os países sérios, mas... não segue. Ficou evidente que o BC reduziu a taxa básica para 7,25%, lá atrás, para cumprir uma meta política da presidente Dilma. Tanto foi um movimento sem base técnica que hoje, com a volta da inflação, o BC colocou a taxa de juros no mesmo lugar em que estava quando a presidente Dilma assumiu, em 2011. Ou seja, esse movimento do BC só causou confusão e deixou a inflação perto e até acima do teto da meta.

É tudo assim, por um lado, por outro. 
A meta de inflação continua sendo de 4,5%, mas qualquer coisa abaixo dos 6,5% está bom para o governo.

O governo continua colocando no orçamento as metas de superávit primário, como manda a lei de responsabilidade fiscal, um dos pilares do grau de investimento. Mas, na execução, o governo manipula os números, inventa operações para esconder a alta da dívida, faz novas promessas — e acha que todo mundo vai acreditar.

Contou com isso por um bom tempo.
 Só agora a S&P resolveu reduzir a nota brasileira. As outras duas agências importantes ainda não se moveram.

Resumo da ópera: 
a gestão da política econômica é bastante ruim, em praticamente todas as áreas, do combate à inflação à gerência do setor elétrico e da Petrobras. Por isso o risco Brasil e a S&P derrubaram a nota brasileira. Mas, como as bases institucionais da estabilidade continuam aí, entende-se que os desvios podem ser corrigidos a tempo. Daí, a manutenção do grau de investimento.

Desse ponto de vista, o rebaixamento deve ser visto como um sinal de que, antes de mais nada, a política econômica precisa voltar aos fundamentos.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Globo

Um comentário:

Anônimo disse...

O leao na mao do sr. manteiga e um perigo ele e alidado dos ptbostas emtao tudo que ele faz e dizer amem a gerentona. Quando a fazenda vai começar a fazer as coisas para defender o cidadão. O ministro da fazenda parece um carrasco da sociedade brasileira, vive nos penalizando com mais imposto, mais imposto e mais imposto. Enquanto muitos políticos enriquecem do dia para noite e isso não e questionado por ele. Por sinal não so não e questionado como ele diz amem a tudo. Como pode um individuo comum se estiver faltando um real na malha filha fica tendo que dar explicações infinitas enquanto muitos políticos principalmente saem do poder por ma conduta e voltam ao poder sem serem questionado. Como o Sr. Benzoine que estava na corda banba, conseguiu passar pelo leao? Não so ele, o lula la la e outros mais. E quadrilha ou não e? Como pode o Sr. leao calar a boca nos casos de enriquecimento fora do padrão de vida da pessoa e não questionar nada. Enquanto o cidadão comum tem que justificar casa centavo. Esse e o pais que vivemos. Congresso se omite, senado se omite justiça se omite. Quem tem as mordomias que eles tem planos de saúde para eles e todos os familiares, tratamento nos melhores hospitais aqui e no exterior, dentista com todos os tratamentos disponíveis de primeiro mundo, fora salários, aposentadorias e outras coisas mais não quer deixar o osso suculento. Enquanto isso ze povinho pode mofar nas filas e serem atendidos no chão. Que mais podemos esperar das quadrilhas dos três poderes. O pais em frangalhos, devendo as calças, o cidadão sendo acharcado pelo imposto de renda e impostos embutidos em tudo para poder bancar a farsa de suas excelência. Desculpem quem pensar ao contrario, mas eu desejo que o povo brasileiro tome o pais em suas mãos e volte a comandar esta opera bufa. Faz de conta que eu trabalho e vcs que acreditam. So num pais de merda e os três poderes de merda sucateados e as forças armadas também, temos que presenciar o que estamos presenciar e trabalhar para pagar os estragos. Tratam milhões suados do povo brasileiro como milhinhos e não tomam conta das contas e estamos indo para a falência. Viva o pais eta povinho de merda que se vende por qualquer dinheiro.