O jogo de empurra entre a Força Aérea Brasileira e o Senado poderá fazer com que o dinheiro público gasto com o voo da FAB usado pelo presidente do parlamento, Renan Calheiros (PMDB-AL), para se submeter a um procedimento de implante capilar no Recife, não seja devolvido. Enquanto Calheiros diz que espera uma resposta da Aeronáutica sobre qual deveria ser o valor ressarcido, a Força Aérea afirma nem sequer ter recebido a solicitação do senador.
Na última segunda-feira, a FAB respondeu ao presidente do Senado, que havia questionado se a viagem foi regular. O órgão disse apenas que “foge à alçada deste Comando julgar” o caso. A assessoria de imprensa do Senado divulgou que Renan Calheiros devolveria a verba gasta, mas não disse quanto nem quando seria. Ontem, informou que aguardava a resposta da Força Aérea com esses dados, questionados em ofício mandado pelo presidente. A assessoria da Aeronáutica, por sua vez, garante não haver qualquer pedido protocolado por Renan. Diante dessa informação, o Senado informou apenas que não há o que fazer.
Levantamento feito com base em informações divulgadas a partir de junho pela FAB aponta que os ministros do governo Dilma Rousseff realizaram 1.456 viagens a bordo de jatinhos comprados e mantidos com dinheiro público. O balanço indica um média de 240 voos por mês. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi o que mais viajou. Ele utilizou as aeronaves 76 vezes. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é o segundo da lista, com 74 viagens, seguido pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que embarcou em 66 oportunidades.
A sexta-feira é o dia preferido das autoridades. A média é de 20 voos. Em 29 de novembro, por exemplo, 29 ministros utilizaram os jatinhos. O levantamento mostra que 224 viagens foram realizadas durante fins de semana. Desse total, apenas 117 tiveram justificativas como retorno para a residência. Alegando motivo de segurança nacional, a FAB não divulga o custo de cada voo.
Os dados passaram a ser divulgados após denúncia de uso irregular das aeronaves em junho por parte do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que depois devolveu R$ 9,7 mil aos cofres públicos, do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), que devolveu R$ 32 mil, e do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Os dados passaram a ser divulgados após denúncia de uso irregular das aeronaves em junho por parte do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que depois devolveu R$ 9,7 mil aos cofres públicos, do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), que devolveu R$ 32 mil, e do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Cirurgia
A viagem de Renan ao Recife não chamou a atenção apenas pelo uso do avião da FAB. O caso trouxe à tona o nome do cirurgião Fernando Basto, que fez o procedimento e é conhecido de autoridades e famosos. Passaram pelas mãos do médico as cabeças do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, e o pastor Silas Malafaia, liderança da Igreja Assembleia de Deus.
Basto é considerado autoridade em implante capilar no país e realiza cirurgias periodicamente na Europa e nos Estados Unidos. O cirurgião conta que Renan já o tinha procurado há oito anos para fazer a operação, mas que só agora conseguiu realizá-la. Segundo ele, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de quem é amigo, já falou que tem vontade de fazer, “um dia quem sabe”. O médico diz que é muito procurado por políticos no fim do ano, perto do recesso. Segundo ele, todo mês, pelo menos um político faz o implante.
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O médico não revela o custo do procedimento, mas assegura ser “acessível às classes média e alta”. A estimativa no mercado é de que o gasto apenas com a equipe que participa da cirurgia é em torno de R$ 15 mil.
O médico não revela o custo do procedimento, mas assegura ser “acessível às classes média e alta”. A estimativa no mercado é de que o gasto apenas com a equipe que participa da cirurgia é em torno de R$ 15 mil.
ADRIANA CAITANO » ALINE MOURA/Correio Braziliense
» Colaboraram João Valadares e Ana D’Angelo
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