"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

dezembro 26, 2013

2014 ! Armadilhas



As medidas adotadas nos últimos anos para animar a economia brasileira se converteram num emaranhado de armadilhas. O desmonte é complicado e embute efeitos colaterais indesejados. O corte de impostos para alguns produtos é um bom exemplo disso. Diante da desaceleração global, o governo resolveu dar uma mãozinha para a indústria local: reduziu tributos e deixou o consumo fazer o resto.

A medida, de início, teve o efeito desejado. 
Empregado e com mais dinheiro no bolso, o brasileiro foi às compras. 
Mas consumo tem limite. Endividadas, as famílias pisaram no freio. 
Sem perspectiva clara sobre o apetite para novas compras, as indústrias travaram os investimentos.

A economia, com isso, cresceu menos que o esperado. 
Se o país anda devagar, a arrecadação de impostos míngua também. 
Com menos dinheiro no caixa, e despesas cada vez maiores, o governo acabou comprometendo sua gestão de gastos.

Não há mágica para resolver esse tipo de problema. 
Se o saldo da conta bancária está no vermelho, é preciso arrumar dinheiro extra ou cortar parte das despesas. Reduzir gastos não é uma ação agradável para governos, muito menos às vésperas de uma eleição. Por isso, a equipe econômica resolveu reduzir parte do benefício concedido para ajudar as indústrias, que passam a pagar um pouco mais de imposto a partir da próxima semana.

A medida vai garantir R$ 1 bilhão a mais para os cofres públicos.
Aqui começam os problemas. Esse dinheiro é insuficiente para melhorar, de forma efetiva, a relação entre receitas e despesas federais. Imposto mais alto significa produto mais caro. 


E isso gera consequências: 
o consumo perde o resto de fôlego que tem o que pesa sobre as perspectivas de retomada do crescimento e a inflação, que já não está baixa, ganha impulso adicional.

A vida na Esplanada dos Ministérios em 2014 não será nada fácil. 
 
Renato Andrade/Folha

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