Guido Mantega tornou-se celebridade mundial no campo das finanças por causa de suas profecias que nunca se confirmam. Mas o ministro da Fazenda de Dilma parece não estar satisfeito com o lugar que já conquistou no anedotário econômico. Ele agora quer dar aula de economia e reescrever a história. Deveria se calar.
O Estado de S.Paulo publica em sua edição de hoje declarações de Mantega que seriam risíveis se não fossem trágicas e graves. O ministro convocou repórteres para reagir a uma entrevista dada por Armínio Fraga e publicada ontem no mesmo jornal. Nela, o ex-presidente do Banco Central fez as críticas que todos vêm fazendo à política errática e equivocada de Mantega.
Segundo Armínio, o governo petista intervém em excesso na economia, comete barbeiragens na condução da política econômica, isola o Brasil do resto do mundo e, principalmente, tem sido responsável por produzir um ambiente de instabilidade, com juros altos, inflação renitentemente elevada e frouxidão fiscal.
"O governo continua, até prova do contrário, com uma postura geral muito fechada, antiquada. Repetindo muita coisa que a gente já viveu, principalmente nos anos 70, no governo Geisel. Um modelo com foco nas estatais, e com a economia bastante fechada. Não levo fé nesse governo como fórmula para o nosso sucesso a longo prazo. Ao contrário, acho que, se não for modificado, vai nos dar dor de cabeça", afirmou o ex-presidente do BC, com polidez até demais para o alto nível de mediocridade que grassa na gestão federal.
Num rosário de críticas infames ao governo do PSDB ("se os tucanos estivessem à frente da economia brasileira durante a explosão da crise mundial, em 2008, o Brasil teria quebrado"), o ministro afirma que, na gestão do presidente Fernando Henrique, os juros eram mais altos e a inflação também. Esquece-se, porém, de mencionar que as condições de ontem e de agora são muito, muito distintas.
Naquela época, os juros estavam altos não apenas no Brasil, mas no mundo todo, em meio a turbulências que produziram quatro crises globais em série no curto período de oito anos.
Situação bem diferente da atual, em que o ambiente econômico foi, durante anos, de céu de brigadeiro e em que bastou uma crise se instalar para o país, sob a gestão petista, perder completamente o rumo. Hoje, enquanto as principais economias praticam juros negativos, o Brasil de Mantega exibe a mais alta taxa de todo o mundo.
Mas o ministro vai mais longe e posa de paladino do combate à inflação.
É tudo o que Mantega não deveria fazer. Ou melhor, não pode fazer.
Talvez ele se esqueça de que - como "assessor econômico" de Lula entre 1993 e 2002, conforme expõe em seu currículo oficial - tenha sido um dos artífices da raivosa oposição que o PT empreendeu contra o Plano Real, a iniciativa vitoriosa que extirpou a hiperinflação que por anos manietou o país e massacrou os brasileiros, principalmente os mais pobres.
Mantega também talvez prefira que ninguém se lembre de que o principal motivo para o estouro da inflação no fim do governo Fernando Henrique foi o temor diante das propostas que o PT acalentou durante anos para a economia e que tinham nele seu principal formulador - foi preciso Antonio Palocci escanteá-lo na função para que o receio se dissipasse e o partido chegasse à vitória.
Voltando ao presente, Mantega talvez pudesse olhar para o próprio umbigo para reconhecer que a situação não anda bem. Ou poderia simplesmente ter lido a ata que o Comitê de Política Monetária divulgou ontem, preparando o país para novas elevações da taxa básica de juros a fim de conter uma inflação que "ainda mostra resistência" - mesmo após cinco altas seguidas da Selic, agora campeã mundial. O céu é o limite.
Quando teve início a gestão Dilma, Mantega encheu-se de planilhas e powerpoints para prever que o governo da presidente legaria ao país um crescimento médio do PIB de 5,5% ao ano até 2014. Mas mal passaremos de 2%. Com seus prognósticos fantasiosos, o ministro da Fazenda do Brasil tornou-se motivo de chacota em todo o mundo.
Com o fim desta deplorável experiência pela qual o Brasil passa aproximando-se, o governo no qual Guido Mantega pontifica produzirá o pior desempenho desde Fernando Collor e o terceiro menor crescimento em mais de 100 anos de República. Com este currículo, o ministro da Fazenda deveria se dar por satisfeito por ainda não ter sido aposentado. Motivos para isso há de sobra.
Talvez ele se esqueça de que - como "assessor econômico" de Lula entre 1993 e 2002, conforme expõe em seu currículo oficial - tenha sido um dos artífices da raivosa oposição que o PT empreendeu contra o Plano Real, a iniciativa vitoriosa que extirpou a hiperinflação que por anos manietou o país e massacrou os brasileiros, principalmente os mais pobres.
Mantega também talvez prefira que ninguém se lembre de que o principal motivo para o estouro da inflação no fim do governo Fernando Henrique foi o temor diante das propostas que o PT acalentou durante anos para a economia e que tinham nele seu principal formulador - foi preciso Antonio Palocci escanteá-lo na função para que o receio se dissipasse e o partido chegasse à vitória.
Voltando ao presente, Mantega talvez pudesse olhar para o próprio umbigo para reconhecer que a situação não anda bem. Ou poderia simplesmente ter lido a ata que o Comitê de Política Monetária divulgou ontem, preparando o país para novas elevações da taxa básica de juros a fim de conter uma inflação que "ainda mostra resistência" - mesmo após cinco altas seguidas da Selic, agora campeã mundial. O céu é o limite.
Quando teve início a gestão Dilma, Mantega encheu-se de planilhas e powerpoints para prever que o governo da presidente legaria ao país um crescimento médio do PIB de 5,5% ao ano até 2014. Mas mal passaremos de 2%. Com seus prognósticos fantasiosos, o ministro da Fazenda do Brasil tornou-se motivo de chacota em todo o mundo.
ITV
Por que não te calas, Mantega?
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