"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 01, 2013

ACORDA BRASIL ! A herança maldita (A VERDADEIRA)


O lulismo vai deixar sinais indeléveis no Estado brasileiro.
E, pelo visto, deve permanecer no poder até, no mínimo, 2018. 
Inexiste setor do Estado em que não tenha deixado sua marca. 
A eficácia na tomada do aparelho estatal é parte de um projeto de manietar o país, de controlar os três poderes. 

O grande empresariado foi se transformando em um dos braços do Estado. 
A cada dia aumentou sua dependência dos humores governamentais. 
Ter uma boa relação com o Palácio do Planalto virou condição indispensável para o sucesso. 

O empresário se tornou capitalista do capital alheio, do capital público. 

Para a burguesia lulista, nenhum empreendimento pode ter êxito sem a participação dos fundos de pensão dos bancos e empresas estatais, dos generosos empréstimos do BNDES e da ação direta do governo criando um arcabouço legal para facilitar a acumulação de capital — sem esquecer as obras no exterior, extremamente lucrativas, de risco inexistente, onde a empresa recebe de mão beijada, sem concorrência, como as realizadas na África e na América Latina.

A petrificação da pobreza se transformou em êxito. 
Coisas do lulismo. 




As 14 milhões de famílias que recebem o benefício do Bolsa Família são, hoje, um importante patrimônio político. 


Se cada família tiver, em média, 4 eleitores, estamos falando de 1/3 do eleitorado. A permanência ad aeternum no programa virou meio de vida. 

E de ganhar eleição. 

Que candidato a presidente teria coragem de anunciar o desejo de reformar o programa estabelecendo metas de permanência no Bolsa Família?

A máquina do Estado foi inchada por milhares de petistas e neopetis-tas. Além dos quase 25 mil cargos de assessoria, nos últimos onze anos foram admitidos milhares de novos funcionários concursados — portanto, estáveis. 
Diversamente do que seria razoável, a maior parte não está nas áreas mais necessitadas. Um bom (e triste) exemplo é o das universidades federais. 

Foi realizada uma expansão absolutamente irresponsável. 
Faculdades, campi, cursos, milhares de funcionários e docentes, para quê?

 Havia algum projeto de desenvolvimento científico? 
A criação dos cursos esteve vinculada às necessidades econômicas regionais? 
Foi realizado algum estudo das carências locais? 
Ou tudo não passou, simplesmente, de atendimento de demandas oligár-quicas, corporativas e para dourar os números do MEC sobre o total de universitários no país?

Sem ter qualquer projeto para o futuro, foi acentuado o perfil neocolo-nial da nossa economia. Vivemos dependentes da evolução dos preços das commodities no mercado internacional — e rezando para que a China continue crescendo. Não temos uma política industrial. O setor foi perdendo importância. O investimento em ciência e tecnologia é ínfimo. A chamada nova economia tem importância desprezível no nosso PIB. 

A qualificação da força de trabalho é precária. 
Convivemos com milhões de analfabetos como se fosse um dado imutável da natureza.

A política externa amarrou o destino do Brasil a um terceiromundismo absolutamente fora de época. Nos fóruns internacionais, o país se transformou em aliado preferencial das ditaduras e adversário contumaz dos Estados Unidos. Abandonamos o estabelecimento de acordos bilaterais para fomentar o comércio. Enquanto o eixo dinâmico do capitalismo foi se transferindo para a região Ásia-Pacífico, o Brasil aprofundou ainda mais sua relação com o Mercosul. 

Em vez de buscar novas parcerias, optamos por transformar os governos bolivari-anos em aliados incondicionais.

Entre os artistas, a dependência estatal foi se ampliando. Uma simples peça de teatro, um filme, um show musical, nada mais é realizado sem que tenha a participação do Estado, direta ou indiretamente. Ter bons relações com o lulismo virou condição indispensável para a obtenção de "apoio cultural" Nunca na história republicana artistas foram tão dependentes do governo — nem no Estado Novo. 

E cumprem servilmente o dever de obediência ao governo, sem qualquer questionamento.

O movimento sindical foi apresado pelo governo.
 Os novos pelegos controlam com mão de ferro "seus" sindicatos. 
Recebem repasses milionários sem ter de prestar contas a nenhum organismo independente. Não vai causar estranheza se o Congresso — nesta escalada de reconhecer novas profissões — instituir a de sindicalista. 
A maioria dos dirigentes passou rapidamente pela fábrica ou escritório e está há décadas "servindo" os trabalhadores. 

Ser sindicalista virou um instrumento de ascensão social. 
E caminho para alçar altos voos na política.

O filé mignon do sindicalismo são os fundos de pensão das empresas e bancos estatais. Seus diretores — do dia para a noite — entraram no topo da carreira de profissionais do mercado financeiro. Recebem salários e bonificações de dar inveja aos executivos privados. Passam a conviver com a elite econômica. São mimoseados pela burguesia financeira de olho nos recursos milionários dos fundos. 

Mas ser designado para a direção do Fundo de Amparo ao Trabalhador é o sonho dourado dos novos pelegos.

Em meio a esta barafunda, não causam estranheza o ataque, o controle e a sujeição do Supremo Tribunal Federal à horda lulista. 
Os valores éticos e republicanos não combinam com sua ação política. 
Daí a necessidade de aparelhar todas as instâncias do Estado. 
E colocá-las a seu serviço, como já o fez com o Congresso Nacional; hoje, mero puxadinho do Palácio do Planalto.

Na república lulista, não há futuro, só existe o tempo.
Marco Antonio Villa é historiador

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