"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 30, 2013

IDHM: um país que avança


O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) divulgado ontem mostra, felizmente, um país em evolução, que caminha para superar seu secular atraso. O indicador deixa claro que as duas últimas décadas foram prodigiosas. 

Mas é muito importante também porque implode uma falsa visão que os petistas tanto gostam de propagandear: a de que o Brasil foi descoberto em 1° de janeiro de 2003, com a posse de Lula.

Há muito que comemorar no levantamento publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Na média, o IDH dos municípios brasileiros subiu 47,5% desde 1991 até 2010, passando de 0,493 para 0,727. Com isso, deixou de ser considerado "muito baixo" para ser classificado como "alto". Progredimos.


Duas décadas atrás, o Brasil tinha 86% de seus municípios com IDH "muito baixo". Hoje apenas 0,6% ainda continuam nestas sofríveis condições, levando em consideração as dimensões renda, longevidade e educação. Melhor ainda, cerca de um terço das cidades do país já alcançaram status de "altamente desenvolvidas".

Entre as três dimensões, os municípios brasileiros saem-se melhor em longevidade, com média de 0,816 e expansão de 23% em duas décadas. Educação mantém-se como a mais baixa (0,637), embora tenha sido a de maior progressão ao longo destes últimos 20 anos: evoluiu 128%. O avanço dos rendimentos foi o menor (14%) do período, levando o indicador específico desta dimensão para 0,739.

O levantamento do Pnud permite analisar a evolução dos municípios brasileiros dividindo-a em duas fases:
de 1991 a 2000, período que praticamente coincide com o governo de Fernando Henrique Cardoso, e 2001 a 2010, dominada predominantemente pela gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em quase tudo, o desempenho no primeiro decênio supera o do segundo.


Na média, o IDHM geral saltou 24% de 1991 a 2000 e, no período seguinte, melhorou mais 19%. Na educação, a diferença é cavalar: na primeira metade das duas últimas décadas, ou seja, na fase predominantemente tucana, o avanço obtido pelo país foi de 63%, percentual que caiu para 40% no decênio seguinte.

Os avanços na renda praticamente se equivalem nos dois períodos: 
6,9% entre 1991 e 2000 e 6,8% de 2000 a 2010. 
Apenas a progressão no indicador específico para longevidade foi mais elevada, ainda que levemente, nos anos que coincidem majoritariamente com os da gestão petista: 
aumento de 12% no período mais recente, ante 10% no decênio inicial.

Ficar fazendo comparações pretéritas é como ficar olhando para o retrovisor sem ver se o carro ruma para espatifar-se contra o muro. Mas este é o esporte preferido dos petistas, como fez, novamente, a presidente Dilma Rousseff na entrevista que deu à Folha de S.Paulo publicada no domingo. É algo tão descabido que equivaleria a ver Fernando Henrique cotejando-se a João Baptista Figueiredo lá na metade inicial de seu governo...

Em lugar de ficar contemplando o passado, o importante é mirar no que o Brasil realmente precisa investir para construir seu futuro. E o que o Pnud, mais uma vez, deixa evidente com o IDHM é que nosso grande gargalo é a educação: entre nossos jovens de 15 a 17 anos, apenas 57% completaram o ensino fundamental e, entre 18 e 20, só 41% concluíram o médio. 

Conseguimos pôr praticamente todas as crianças brasileiras na escola - hoje 91% delas estão nas salas de aula - mas não lhes oferecemos educação de qualidade. Basta ver quais são os municípios mais desenvolvidos do país - a paulista São Caetano do Sul continua liderando o ranking nacional - para se constatar que a chave do sucesso é a aprendizagem bem feita.

"Os dados revelam uma defasagem no caminho seguido por quem está na escola. É como se o estudante desistisse ano a ano. Especialistas em educação sabem que escola boa segura o aluno, mas escola ruim o expulsa", analisa a Folha. Para complicar, as diferenças regionais são ainda mais evidentes nesta dimensão: 
localidades do Norte e do Nordeste saem-se bem pior que o resto do país.

Um último aspecto a considerar é a limitada influência do quesito renda na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. A queda na mortalidade infantil - que influencia a dimensão longevidade - pesou muito mais na expansão verificada nos últimos 20 anos do que, por exemplo, a universalização de programas como o Bolsa Família. 

A pesquisa do Pnud é riquíssima para apontar quais caminhos o país precisa seguir para alcançar condições de desenvolvimento realmente mais dignas. E serve, também, para mostrar quem mais fez pela melhoria da qualidade de vida dos brasileiros nos últimos 20 anos. Se é para comparar, a vitória é dos tucanos.

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Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica
estão disponíveis na página do
Instituto Teotônio Vilela 

2 comentários:

Anônimo disse...

********************
ATENÇÃO!!!
********************
É preciso denunciar sobre a farsa do IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal), pois ninguém está questionando isso na imprensa e na internet.
No Mundo todo usa-se o IDH, por que só no Brasil se usa o IDHM?
Oras, pelo índice IDH, o Brasil piorou no governo do PT, daí a invenção do IDHM (novo índice da ONU que teve a colaboração do IPEA que é chefiado por um petista).
Ou seja, deram um jeito de melhorarem as aparências para o PT (mesmo assim precisaram comparar dados de vinte anos atrás e não de dez anos, pra evitar comparações com o governo de FHC, que foi muito melhor!).
Enfim, pelo índice IDH usado no mundo e não o IDHM, o Brasil ocupava a 63º colocação em 2002(ERRATA, não é 2010), ou seja, tinha índice de 0,790 (quanto mais próximo de 1,0 melhor), sendo que, em 1995, FHC pegou com valor de 0,737.
Pois bem, em 2012 o valor caiu pra 0,730, isto é, o Brasil desceu pra 85º posição (com índice pior do que em 1995, que era de 0,737), conseguindo a façanha de empatar com a Jamaica e ficar atrás do Irã que sofre sanções econômicas.
A pergunta que não quer calar:
Por que ninguém mostra o IDH e não o IDHM ?
Fonte de dados:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u112795.shtml
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/Juridica/article/view/92/95
http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=448
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento_Humano

Anônimo disse...

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ATENÇÃO!!!
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É preciso denunciar sobre a farsa do IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal), pois ninguém está questionando isso na imprensa e na internet.
No Mundo todo usa-se o IDH, por que só no Brasil se usa o IDHM?
Oras, pelo índice IDH, o Brasil piorou no governo do PT, daí a invenção do IDHM (novo índice da ONU que teve a colaboração do IPEA que é chefiado por um petista).
Ou seja, deram um jeito de melhorarem as aparências para o PT (mesmo assim precisaram comparar dados de vinte anos atrás e não de dez anos, pra evitar comparações com o governo de FHC, que foi muito melhor!).
Enfim, pelo índice IDH usado no mundo e não o IDHM, o Brasil ocupava a 63º colocação em 2002, ou seja, tinha índice de 0,790 (quanto mais próximo de 1,0 melhor), sendo que, em 1995, FHC pegou com valor de 0,737.
Pois bem, em 2012 o valor caiu pra 0,730, isto é, o Brasil desceu pra 85º posição (com índice pior do que em 1995, que era de 0,737), conseguindo a façanha de empatar com a Jamaica e ficar atrás do Irã que sofre sanções econômicas.
A pergunta que não quer calar:
Por que ninguém mostra o IDH e não o IDHM ?
Fonte de dados:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u112795.shtml
http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/Juridica/article/view/92/95
http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=448
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento_Humano