"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 13, 2013

A cara e a força. OU : "A punição que os homens de bem sofrem quando se recusam a tomar parte é viver sob o governo dos maus"

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Está em andamento uma tentativa de melar o julgamento do mensalão e de submeter o Supremo Tribunal Federal (STF) aos interesses de certos setores do Congresso Nacional.

A possibilidade concreta de cadeia, consequência natural do julgamento do mensalão, acionou o alerta vermelho no submundo da cultura da corrupção. As manchetes dos jornais refletem a reação desesperada dos mensaleiros de hoje e de sempre.

Por trás dos embargos e recursos dos advogados dos mensaleiros, ferramentas legítimas do direito de defesa, o que se oculta é um objetivo bem determinado:
melar o mensalão,
zerar o placar,
fazer um novo julgamento,
livrar os culpados do regime fechado.
É simples assim.

As rusgas entre o Congresso e o Supremo têm bastidores pouco edificantes.

É impressionante o número de parlamentares com inquéritos ou ações penais na fila de julgamento do Supremo Tribunal Federal.
No Congresso Nacional, são 160 deputados e 31 senadores, um terço da instituição.

Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, 32 de seus 130 integrantes respondem a inquéritos, entre os quais dois já condenados - José Genoino e João Paulo Cunha, do PT-SP -, Paulo Maluf (PP-SP) e o presidente do fórum, Décio Lima (PT-SC), com quatro inquéritos por improbidade administrativa e sonegação previdenciária quando prefeito em Blumenau.

O que está em jogo não é a independência do Congresso, mas a pornodefesa da impunidade. Não podemos tolerar que o Brasil seja um país que discrimina os cidadãos.

Pobre vai para a cadeia.
Poderoso não só não é punido como invoca presunção de inocência, cai no esquecimento e volta para roubar mais.
Mas não atiremos a esmo.

Caro leitor, escreva aos ministros do STF, pressione, proteste, saia às ruas.

Uma democracia constrói-se na adversidade. 
O Brasil, felizmente, ainda conta com um Ministério Público atuante, um Judiciário, não obstante decepções pontuais, bastante razoável e uma
imprensa que não se dobra às pressões do poder.


É preciso, no entanto, que a sociedade, sobretudo a classe média, mais informada e educada, assuma o seu papel no combate à corrupção.


As massas miseráveis, reféns do populismo interesseiro, da desinformação e da insensibilidade de certa elite, só serão acordadas se a classe média - e a formidável classe emergente -, fiel da balança de qualquer democracia, decidir dar um basta à vilania que tomou conta do núcleo do poder.

Chegou a hora de a sociedade civil mostrar sua cara e sua força.
É preciso, finalmente, cobrar a reforma política.
Todos sabem disso.
Há décadas.

O atual modelo é a principal causa da corrupção.
Quando falta transparência, sobram sombras.
O Brasil pode sair deste pântano para um patamar civilizado.

Mas, para que isso aconteça, com a urgência que se impõe, é preciso que os culpados sejam punidos.
Diga "não" à corrupção!

Carlos Alberto Di Franco O Globo
A cara e a força

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