Influenciada pelo registro tardio das importações de petróleo e derivados realizadas pela Petrobras, a balança comercial brasileira já registra um déficit de US$ 2,7 bilhões nas três primeiras semanas de janeiro, informou ontem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Se não houver um superávit nas próximas duas semanas, o saldo negativo será o maior para o mês de janeiro nos últimos 19 anos, ou seja, desde o início da série histórica, em 1995. Só na semana passada, a balança ficou deficitária em US$ 1,723 bilhão, o pior resultado semanal desde janeiro de 1998.
Os dados divulgados nesta segunda-feira mostram que, no acumulado em 12 meses, , as exportações caíram 26% e as importações subiram 7,2% em janeiro, frente a igual período até dezembro de 2012. No acumulado do mês, os embarques somaram US$ 9,493 bilhões, queda de 0,5% em comparação com janeiro de 2012. As compras externas, de US$ 12,194 bilhões, cresceram 18,3%.
Analistas privados preveem uma contabilização na balança comercial, de forma diluída, de entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões em importações de combustíveis e lubrificantes ao longo dos primeiros meses do ano. As compras ocorreram em outubro, novembro e dezembro, mas não entraram integralmente no Sistema Integrado de Comércio Exterior. Pelo números atualizados até semana passada, a aquisição desses produtos no exterior teve acréscimo de 51,9%. Outros itens que se destacam nas importações são insumos para a indústria química, farmacêuticos, químicos e plásticos.
A defasagem no registro de importações da Petrobras foi possível graças a uma instrução normativa da Receita Federal, que deu mais tempo para a estatal contabilizar as operações. O governo nega manipulação dos números da balança, mas a medida ajudou o comércio exterior brasileiro a fechar 2012 com superávit de US$ 19,4 bilhões. Segundo especialistas, se não fosse isso, o saldo seria negativo.
Petróleo é 'ponto fora da curva', segundo Funcex
O fraco desempenho das exportações em janeiro deveu-se, principalmente, à redução dos embarques de soja em grãos, petróleo em bruto, óleos combustíveis, motores para veículos, aviões, bombas e compressores, calçados e autopeças. Em relação a dezembro, a queda foi de 26%.
De acordo com o economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Rodrigo Branco, normalmente janeiro é um mês abaixo da média, em termos de comércio exterior. No entanto, a questão do petróleo é um ponto fora da curva que chama a atenção do mercado:
Todos aguardam o volume e o valor importados de combustíveis e lubrificantes, e se o registro será diluído ou de uma só vez nas últimas semanas.
O economista disse já ter ouvido que o valor de petróleo e derivados a ser registrado é da ordem de US$ 6 bilhões. Acrescentou que, do lado das exportações, pesou o fato de a safra de grãos ainda não ter sido colhida e, portanto, os embarques de produtos agrícolas e do complexo soja ainda não começaram este ano.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, acredita que o que precisa ser registrado pode chegar a US$ 10 bilhões. E alertou para o fato de que as importações de combustíveis e lubrificantes feitas nas três primeiras semanas do mês, em torno de US$ 2,8 bilhões, estão no mesmo patamar do que foi registrado em todo janeiro de 2012.
Procurada, a Petrobras não quis comentar os números das importações de petróleo e derivados este mês.
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